“O Consórcio Sul-Sudeste não tem objetivo eleitoral”, rebateu Renato Casagrande. “Se alguém tem interesse em usar o consórcio para qualquer projeto eleitoral, o consórcio estará fadado ao fracasso”, ponderou
O governador do Estado do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), questionou a fala destrambelhada do governador bolsonarista do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre o alinhamento do Consórcio Sul-Sudeste para se contrapor às demais região do País, em particular à do Nordeste.
Essa posição do governador mineiro “não representa o meu pensamento e, acredito, nem o do consórcio”, disse o governador Renato Casagrande em entrevista ao jornal Correio Braziliense, edição deste domingo (13).
“O espírito é organizar um instrumento para integrar políticas públicas entre os Estados do Sul e do Sudeste e ser um instrumento de diálogo com as demais regiões do País, para ajudar o Brasil a se desenvolver”, explicou.
“O consórcio não está aqui para disputar nada com nenhum outro consórcio, com nenhuma região. Estamos nos organizando, seja em consórcios, seja no Fórum dos Governadores, para dar aos Estados protagonismo para incluir cada vez mais brasileiros em uma vida de boa qualidade.”
“Esse é o espírito, e não fazer frente a nenhuma outra região do Brasil”, completou o governador do Espírito Santo, que é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
CRÍTICA À PROPOSTA DE ZEMA
Casagrande lidera o Estado da região Sudeste, Espírito Santo, cujo PIB (Produto Interno Bruto) é o menor da região. Mesmo assim, ele vai se posicionar ao lado das regiões mais carentes no debate sobre a Reforma Tributária, cuja discussão já está no Senado Federal.
Renato Casagrande é contra o modelo de governança do FDR (Fundo de Desenvolvimento Regional), que dá peso maior aos Estados mais populosos.
Ele critica, ainda, a proposta do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de articular frente dos Estados ricos para barrar benefícios aos mais pobres. “Se alguém tem interesse em usar o consórcio para qualquer projeto eleitoral, o consórcio estará fadado ao fracasso”, sentenciou.
ZEMA ISOLADO
Sobre a proposta dessa esdrúxula aliança entre os Estados do Sul e Sudeste contra as demais regiões do País, Renato Casagrande disse que “nenhum outro governador do Sul-Sudeste manifestou apoio”.
“O Consórcio Sul-Sudeste não tem objetivo eleitoral”, ponderou o governador.
ALINHAMENTO COM OS MAIS POBRES
O Espírito Santo está na região mais rica do país, tem situação fiscal confortável, mas é o sócio mais pobre do Consórcio Sul-Sudeste. Todavia, segundo o governador Renato Casagrande, “o Espírito Santo tem um alinhamento maior com o Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste”, destacou.
“Por exemplo, na governança do Conselho Federativo (proposto para equacionar a divisão de recursos entre os Estados). Nós não defendemos uma governança que leve em consideração um peso maior da população”, explicou.
“A síntese da Reforma Tributária já favorece Estados populosos. A partir do momento em que se passa a cobrar tributos no destino (e não na origem) já torna os Estados populosos mais atraentes para investimentos. Se colocar mais peso na população, vai aumentar o desequilíbrio, pode provocar uma concentração de riquezas em alguns estados e redução em outros”, completou.