“Prejudica o país enquanto geração de emprego, geração de riqueza, arrecadação de impostos e prejudica os consumidores”, declarou Salesio Nuhs, presidente da Taurus
O presidente da Taurus, Salesio Nuhs, criticou a decisão do governo Bolsonaro de zerar a alíquota de 20% do imposto sobre importação de revólveres e pistolas. “Isso não prejudica a Taurus, mas prejudica o país enquanto geração de emprego, geração de riqueza, arrecadação de impostos”, declarou Nuhs, ao comentar a decisão do governo.
Para o executivo, quem sai perdendo são os consumidores brasileiros e não a empresa que agora irá vender armas para o Brasil através de suas unidades nos EUA e na Índia, em razão da isenção de imposto que o governo assegurou às empresas estrangeiras.
“Prejudica os consumidores brasileiros, que vão ter que importar uma arma da Taurus dos Estados Unidos. Já é complicado adquirir uma arma comprada aqui no Brasil. Agora, vai ser preciso fazer um processo de importação para adquirir uma arma da Taurus, porque nós vamos ter que produzir nos Estados Unidos e na Índia para ter o mesmo benefício das empresas concorrentes. Essa resolução é um equívoco sem tamanho”, destacou o executivo em entrevista à Investing.com.
Com a decisão do governo, a empresa, líder do mercado nacional e uma das maiores produtoras de armas leves e munição do mundo, irá priorizar investimentos fora do Brasil.
“Nós anunciamos nesta semana um plano de investimento a médio prazo de mais ou menos R$ 500 milhões, e certamente isso vai mudar o destino desse dinheiro. Se estivéssemos pensando em colocar no Brasil, agora colocaríamos nos Estados Unidos ou na Índia, porque diante desse cenário não vale a pena”, frisou.
A ação do governo não mudará o quadro dos preços dos revólveres e pistolas para os consumidores brasileiros, pois segundo informou nesta quinta-feira (10) o administrador da distribuidora Pavei Armas, Filipe Pavei, as armas importadas chegam a custar 300% mais do que os modelos similares nacionais. A empresa Pavei Armas é uma das principais fornecedoras de armas e munições do Brasil.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
O Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde) alerta que a iniciativa do governo acentuará a desindustrialização no país. “A decisão surpreende a indústria, na medida em que não preserva empregos, não atrai investimentos para instalação local de fábricas”, afirmou em nota. “A ação de zerar a alíquota de importação de revólveres e pistolas, se pretendeu facilitar a aquisição de armas no Brasil, acabará por reduzir empregos, gerar menos divisas, diminuir o investimento em tecnologia e transferir indústrias para o exterior”. O setor de defesa e segurança emprega 1 milhão de pessoas, direta e indiretamente.
Desde que assumiu a Presidência da República, Bolsonaro tem trabalhado para favorecer a entrada de armas estrangeiras no País.
Outras decisões do governo também são questionadas pela indústria nacional de defesa. Recentemente, o governo federal excluiu a indústria nacional das licitações para compra de novas lanchas da Polícia Federal. Nas licitações da PF, no valor total de R$ 326,7 milhões, havia especificações que somente as fabricantes francesa Zodiac e americana Safeboats poderiam atender. As empresas brasileiras denunciaram a exclusão afirmando que a legislação brasileira prevê o fomento aos modelos nacionais, que já são usados pela própria PF, além de órgãos como a Marinha.
Em agosto deste ano, o governo anunciou que iria montar um escritório, em Washington, voltado para a compra de armas estrangeiras. As compras dos equipamentos de segurança pública, como armas, munições, uniformes e veículos de transporte, seriam realizadas pela estrutura da Comissão do Exército em Washington, fora do alcance da Lei de Licitações e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Na época, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) repudiou a iniciativa, que está em estudo no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
“A Base Industrial de Defesa do (BID), preterida neste suposto ato do MJSP, é estratégica e vital para a soberania nacional pois a extrema dependência de armas e equipamentos importados sujeitaria o Brasil à boa vontade de países estrangeiros”, afirmou a Abimde.
Também neste ano, Bolsonaro tirou do Exército o monopólio da testagem de produtos controlados da Defesa, mas não há laboratórios privados no país que façam tal testagem. Além disso, os estrangeiros ganharam uma moratória de dois anos para vender ao país sem passar por testes que são compulsórios aos fabricantes nacionais.
O Bolsonaro está sem rumo e desesperado o desgoverno é de cabo a rabo, então ele se utiliza de sua insanidade para propor venda de arma, enquanto a Educação, Saúde, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e outros ministérios são sucateados. Uai que desgraceira.