
Violência dos carabineros também deixou 3.649 feridos, 2.063 por disparos, dos quais 269 crianças e adolescentes
O governo de Sebástian Piñera prendeu mais de 22 mil manifestantes em pouco mais de três meses de repressão aos massivos protestos contra as Administradoras de Fundos de Pensão (AFP) e pela Previdência pública. A violência dos carabineros (polícia militar) também deixou 3.649 pessoas feridas – 2.063 por disparos -, dos quais 2.954 homens, 426 mulheres e 269 crianças e adolescentes. Não é de se estranhar que índice de aprovação de Piñera esteja em 6%.
Dos feridos pela polícia, 405 ficaram cegos ou graves traumas nos olhos causados por tiros com balas, bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água com soda cáustica, lançados pelos caminhões-pipa da polícia.
O aumento vertiginoso do número de casos de jovens com lesões oculares e no corpo nas últimas semanas, conforme o Colégio de Químicos, Farmacêuticos e Bioquímicos do Chile, se deve ao pH extremamente irritante da água com soda cáustica (12 numa escala de 0 a 14).
O informe do Instituto Nacional de Direitos Humanos da República do Chile (INDH), divulgado no dia 15 de janeiro, apontou que foram denunciadas 1.445 violações e agressões, sendo a mais recorrente o uso abusivo da força (842), torturas e outros tratamentos cruéis (412) e violência sexual (191).
De acordo com o chefe da área jurídica do INDH, Rodrigo Bustos, as cifras correspondentes ao período entre outubro e janeiro são o triplo de todas as ações jurídicas apuradas pela entidade nos últimos nove anos.
Para o presidente da Associação de Procuradores, Claudio Uribe, é preocupante a brutalidade da repressão e a impunidade como os processos vêm sendo tratados.