
Um novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 23% dos jovens brasileiros, entre 15 e 24 anos, não trabalham e nem estudam. É um dos maiores percentuais entre nove países da América Latina e Caribe pesquisados.
A pesquisa revela que os jovens nessa situação são, em sua maioria, mulheres e de baixa renda. De acordo com o estudo, falta de oportunidades de acesso à educação e emprego, educação de baixa qualidade, problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas, gravidez precoce e obrigações familiares com parentes e filhos são as principais causas.
Embora o resultado do estudo possa induzir a se pensar que os jovens nessa situação são improdutivos ou ociosos, os dados revelam que 31% deles, principalmente os homens, estão procurando trabalho, e 64%, principalmente mulheres, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar.
“São jovens que têm acesso à educação de baixa qualidade e que, por isso, encontram dificuldade no mercado de trabalho. De fato, os gestores e as políticas públicas têm que olhar um pouco mais por eles”, alertou a pesquisadora do Ipea, Joana Costa, em reportagem da Agência Brasil.
Segundo Joana, “a melhora de serviços e os subsídios para o transporte e uma maior oferta de creches, para que as mulheres possam conciliar trabalho e estudo com os afazeres domésticos, são políticas que podem ser efetivadas até no curto prazo”.
O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar? foi lançado na terça-feira (3), durante um seminário no Ipea, em Brasília. Os dados envolvem mais de 15 mil jovens do Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.
No Brasil, os jovens entre 15 e 24 anos correspondem a mais de 17% da população, são cerca de 33 milhões de jovens nessa faixa etária. A pesquisadora do Ipea, Enid Rocha, diz que o país vive um momento de bônus demográfico, quando a população ativa é maior que a população dependente, que são crianças e idosos, além de estar em uma onda jovem, que é o ápice da população jovem.
“É um momento em que os países aproveitam para investir na sua juventude. Devemos voltar a falar das políticas para a juventude, que já foram mais amplas, para não produzir mais desigualdade e para que nosso bônus demográfico não se transforme em um ônus”, disse.