
Mais de 2,3 milhões de pessoas já abandonaram a Venezuela, com a crise humanitária se agravando dia após dia, tornando a situação tão grave que pode ser comparada à massiva fuga de refugiados via mar Mediterrâneo em 2015, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU).
Parcela expressiva da população de 30,6 milhões tem buscado a Colômbia, Peru, Equador e Brasil para fugir da enorme crise econômica e social, que tem se traduzido em escassez de alimentos, remédios e produtos básicos. A penúria tem provocado graves distúrbios, particularmente nas cidades fronteiriças.
Para enfrentar o agravamento da situação, o chefe da autoridade migratória colombiana, Christian Krüger, convocou para os próximos dias, em Bogotá, uma reunião de emergência entre autoridades dos quatro países.
A estimativa é que se encontrem mais de um milhão de venezuelanos na Colômbia, 420 mil no Peru, 200 mil no Equador e 50 mil no Brasil, que demandam dos respectivos governos alimentação, hospedagem, saúde, educação e trabalho.
Diante do “perigo iminente” à saúde, o Peru declarou estado de emergência em várias localidades na fronteira com o Equador. A decisão, esclarece o decreto assinado pelo presidente peruano Martín Vizcarra, tem validade de 60 dias e busca a “execução de ações imediatas e necessárias de redução de muito alto risco, assim como de resposta e reabilitação” diante da elevada tensão. O caos é particularmente visível nas localidades de Aguascalientes, Zarumilla e Tumbes, transbordadas nos últimos dias por venezuelanos desesperados, a quem se passou a exigir passaporte. Neste momento, informou a oficina de migrações, se encontram em solo peruano quatro vezes mais venezuelanos do que no ano passado.
Por sua parte, o governo equatoriano ampliou por mais 30 dias o “estado de emergência” declarado no início do mês nos estados fronteiriços à Colômbia e ao Peru.
No Equador, utilizado como país de trânsito em direção ao Peru e ao Chile, 90 mil venezuelanos já possuem visto e outros 50 mil estão em tramitação.
Alegando que as fotos de milhares de venezuelanos abandonando o seu país não passa de montagem, o governo de Maduro anunciou ter repatriado do Peru 89 cidadãos que estariam sendo submetidos a um tratamento “vexaminoso, cruel e desumano”.
Sem enfrentar a inflação de 1.000.000% (um milhão!) e o brutal arrocho salarial (o salário mínimo despencou para um dólar), Maduro atribui o desespero dos conterrâneos diante do seu desgoverno à “campanha da direita”. “Não é possível que alguns venezuelanos que foram lavar privada no exterior tenham ido como escravos econômicos porque escutaram que era preciso abandonar seu país”, declarou cinicamente.