
A decisão de Mauricio Macri de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), negociando o acesso a um empréstimo ‘stand by’, é rechaçada por 77% dos argentinos, cifra que inclui 30% dos partidários da coalizão oficialista, Cambiemos. Esses dados surgem da pesquisa, exclusiva para o jornal PáginaI12, realizada pelo Centro de Estudos de Opinião Pública (CEOP), divulgada no domingo, dia 13.
Embora depois do encontro ocorrido no dia 9 passado entre o ministro de Fazenda, Nicolás Dujovne, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, não se publicou o valor solicitado pela Argentina, as informações já vazadas assinalam que seria de pelo menos 30 bilhões de dólares.
Não é por acaso a rejeição da população. O crédito na modalidade “stand by” se caracteriza por incluir propostas de reformas que o país receptor se compromete a adotar. E essas condições já começaram a ser aplicadas por Macri. O governo argentino, na semana passada, elevou os juros para 40%, hoje os mais altos do mundo, e anunciou um corte no investimento público de mais de 1,5 bilhão de dólares. A redução do gasto público é essencial, especialmente nas áreas onde ele aumentou muito rapidamente nos últimos anos, em particular os salários, as pensões e as transferências sociais, definiu o FMI no artigo IV do Informe sobre a situação do país, quando começava a se discutir nos bastidores o empréstimo hoje em fase final.
O retorno da Argentina ao FMI depois de 12 anos acontece no bojo de uma grande mobilização para impedir os descontrolados aumentos de tarifas públicas que estão sendo aplicados. Na segunda-feira, 14, o governo iniciou uma ação judicial para tentar bloquear medidas cautelares contra os chamados ‘tarifazos’, e ainda denunciou o Centro de Estudos para a Promoção da Igualdade e a Solidariedade (Cepis) pela sua ação destinada a frear o último aumento de gás, que já acumula um ajuste médio de mais de 1000% em dois anos. A inflação foi de 41% anual em 2016 e 24,8% em 2017.