Declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, comprova o circo armado por Pazuello e Bolsonaro
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, disse nesta quinta-feira (14) ser “cedo demais” para garantir que o país consiga disponibilizar para outros países doses da vacina da AstraZeneca, produzidas localmente pelo Instituto Serum, laboratório indiano contratado para produzir 1 bilhão de doses da vacina contra Covid-19 para países em desenvolvimento.
De acordo com o jornal indiano “The Times of India”, Srivastava disse, durante coletiva de imprensa, que o país tem como prioridade imunizar sua população, o que está marcado para começar neste sábado (16).
Na coletiva, os jornalistas também perguntaram se o Brasil seria o primeiro país a receber a vacina da Índia e se a entrega não comprometeria o plano indiano de vacinação.
“O primeiro ministro já disse que a produção de vacinas da Índia, assim como a sua capacidade de entrega, devem ser usados em benefício de toda a humanidade para enfrentar essa crise. Como você sabe, o processo de vacinação está recém começando na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre insumos para outros países, já que estamos ainda organizando a produção e a entrega. Nós vamos tomar decisões sobre isso na hora adequada, e isso pode levar tempo”, afirmou Anurag Srivastava, durante uma conferência de imprensa.
A declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, atrapalha os planos do governo brasileiro, que anunciou o envio de um avião eumo à Índia para buscar 2 milhões de doses. A aeronave está em Recife e deveria seguir para Mumbai na sexta-feira.
Sem doses da vacina, o governo Bolsonaro conta com essas vindas da Índia para iniciar a vacinação no Brasil, caso a Anvisa aprove, no domingo, o uso emergencial das vacinas da AstraZeneca/Oxford e a CoronaVac. Mesmo sem o imunizante, o governo prometeu iniciar a vacinação no dia 20, se aprovada pela Anvisa, e agora corre contra o tempo para conseguir a vacina.
Pazuello e Bolsonaro pretendem realizar uma “cerimônia” no Palácio do Planalto, no próximo dia 19, para fotografar o início da vacinação no país.
O governo Bolsonaro, no entanto, quer evitar que a imunização dos brasileiros seja realizada com a vacina do Instituto Butantan, que já tem 10,8 milhões de doses da CoronaVac no Brasil e a garantia da chegada de de outras 36 milhões de doses até março.
A previsão inicial era que o avião seguisse para a Índia nesta quinta, mas a operação foi adiada, segundo o governo brasileiro, por “questões logísticas internacionais”.
Essa não é a primeira vez que uma autoridade indiana coloca em dúvida a exportação da vacina para o Brasil. Há dez dias, o presidente do Instituto Serum, Adan Poonawalla, disse que o governo local não iria permitir a exportação da vacina de Oxford produzida no país. Um dia depois o próprio Poonawalla afirmou que “a exportação de vacinas está permitida para todos os países”.