Imazon alerta que “aumento expressivo em maio é muito preocupante porque estamos entrando na estação seca, quando historicamente são registrados os picos de desmatamento do ano”
O Boletim do Desmatamento divulgado na quarta-feira (16) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta números alarmantes. O mês de maio apresentou o maior saldo da série histórica dos últimos 10 anos.
A área desmatada em maio deste ano chegou a 1.125 km², o que corresponde a quase o tamanho do município do Rio de Janeiro (1.255,3 km²). Na comparação com maio de 2020, o desmatamento aumentou 70% na Amazônia.
Esta é a terceira vez consecutiva que a destruição no bioma bate o recorde em uma década: março e abril também registraram os piores índices desde 2012. As informações são do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), que monitora o conjunto da Amazônia Legal via satélites.
Os estados onde mais houve desmatamento, segundo o estudo foram o Pará, Amazonas e o Mato Grosso, respectivamente, responsáveis por mais de 60% do desmatamento total detectado. Depois aparecem os estados de Rondônia, Acre, Maranhão e Roraima.
Segundo o levantamento, quando se analisa o desmatamento por categoria do território, 66% da perda ocorreu em áreas privadas ou sob outros estágios de posse, 17% em assentamentos, 15% em unidades de conservação e 2% em terras indígenas.
A área desmatada em maio deste ano foi 70% superior à registrada no mesmo período de 2020, que foi de 660 km². “Esse aumento expressivo em maio é muito preocupante porque estamos entrando na estação seca, que na maior parte da Amazônia Legal ocorre entre junho e setembro, quando historicamente são registrados os picos de desmatamento do ano”, comenta o pesquisador do Imazon Antonio Fonseca.
Em relação aos Estados, os que mais desmataram foram o Pará e Amazonas, respectivamente, que somaram 688 km² de desmatamento em maio, o que corresponde a 60% do total detectado na região amazônica. O território de floresta destruído em solo paraense e amazonense é semelhante, por exemplo, ao tamanho da cidade de Salvador (BA).
No Pará, figuram no topo do ranking dos 10 municípios que mais desmataram em maio Altamira, São Félix do Xingu, Novo Progresso e Itaituba, cidades que frequentemente estão entre as mais críticas. O Estado também teve seis das 10 unidades de conservação e cinco das 10 terras indígenas onde foram detectadas as maiores áreas desmatadas.
No caso do Amazonas, os três municípios que figuram no ranking dos 10 onde foram registradas as maiores destruições da floresta, Lábrea, Apuí e Novo Aripuanã, estão localizados no sul do Estado. Além disso, seis dos 10 assentamentos que mais registraram florestas desmatadas estão em solo amazonense.
“Apesar do Pará retornar ao primeiro lugar do ranking dos Estados que mais desmataram na Amazônia Legal em maio, é possível perceber que o Amazonas segue em ritmo alto de desmatamento”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
O terceiro Estado que mais desmatou em maio foi o Mato Grosso (20%), seguido de Rondônia (12%), Acre (4%), Maranhão (3%) e Roraima (1%).
Já a análise do desmatamento por categoria do território indicou que 66% ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse, 17% em assentamentos, 15% em unidades de conservação e 2% em terras indígenas.
Degradação em alta
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 39 km² em maio, o que representa aumento de 144% em relação ao mesmo mês em 2020, quando a área foi de 16 km². A degradação detectada em maio deste ano ocorreu no Mato Grosso (85%) e no Pará (15%).
O Imazon classifica o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas de pasto. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira.
Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, que podem ser causados por queimadas controladas em áreas privadas para limpeza de pasto, por exemplo, mas que acabam atingindo a floresta e se alastrando.
Veja o relatório na íntegra:
https://imazon.org.br/wp-content/uploads/2021/06/SADMaio2021.pdf