Arregimentou o ministro Braga Neto e mais meia dúzia de puxa-sacos
Enquanto os brasilienses se preparavam para ocupar as ruas da capital em protesto contra a criminosa sabotagem de Bolsonaro no combate à pandemia e em repúdio aos escândalos de corrupção na aquisição de vacinas, o ‘capitão cloroquina’ e meia dúzia de puxa-sacos, entre eles Braga Neto, andavam de moto pela cidades satélites da capital.
A cena, além de comprovar que Bolsonaro é um desocupado, desligado dos problemas que afetam o país e o seu povo, e completamente indiferente ao sofrimento alheio, lembra também os misteriosos passeios de moto do ex-presidente João Batista Figueiredo pelas ruas noturnas da capital nos períodos que antecederam as gigantescas marchas das ‘Diretas Já’, em 1985.
Cada vez mais envolvido em escândalos de corrupção, Bolsonaro passou de falso paladino da moralidade a perseguidor implacável de quem denuncia roubos em seu governo. Esse foi o caso do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciaram e impediram a tentativa do roubo de US$ 45 milhões no contrato de compra pelo governo da vacina Covaxin. Eles agora são vitimas de perseguição por parte do Planalto.
Acuado pela CPI da Covid, que aprofunda as investigações, tanto da sabotagem às vacinas, quanto do assalto aos cofres públicos na compra da Covaxin, Bolsonaro tentou manipular os militares em suas ameaças ao Congresso Nacional. Achou que podia intimidar os senadores. O resultado foi o contrário do que eles pretendia. O que houve foi o aprofundamento das investigações e a descoberta de mais escândalos de corrupção. Junto com isso, vieram também as quedas acentuadas nas pesquisas de opinião.
As chamadas “motociatas”, que ele começou a fazer nos finais de semana, eram tentativas de mostrar popularidade e de arregimentar ‘apoios’ às suas pretensões antidemocráticas. Elas não deram certo. Só provocaram arruaças e aglomerações.
O máximo que ele conseguiu de apoiadores para a sua empreitada golpista foi reunir cerca de 6 mil motos em São Paulo. Depois disso, as adesões foram minguando. Paralelamente a isso, os índices de rejeição aos seu governo e ao seu modo de governar e de não enfrentar a pandemia, medidos pelos institutos de pesquisa, foram subindo sem parar.
Agora, depois dos escândalos de corrupção na compra das vacinas, depois que Bolsonaro mergulhou de cabeça nas negociatas do toma-lá-dá-cá no Congresso Nacional, e depois que fica escancarado para a sociedade o estelionato eleitoral que representou a sua eleição e o seu falso discurso contra a corrupção, ele não consegue mais enganar a população. Por isso, o “passeio” de moto deste sábado (24) pelas ruas de Brasília foi ridículo e melancólico.