O ex-chefe do Comando Militar do Sudeste (CMSE) e atual Secretário de Segurança de SP, afirmou ainda ao Estadão que este “é o Exército profissional que todos conhecemos e todos admiramos”
O general João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança de São Paulo, e ex-chefe do Comando Militar do Sudeste (CMSE), comentou, nesta segunda-feira (2), em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o clima de golpe que ronda o país em consequência das insanidades de Jair Bolsonaro. O general afirmou ter certeza de que o Exército não vai embarcar em nenhuma aventura. “Não vai. Não vai. É o Exército profissional que todos conhecemos e todos admiramos”, garantiu.
O militar procura dissociar a atuação na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo do atual momento político pelo qual passam o país e o Exército, onde trabalhou por 48 anos, três meses e dois dias. A farda cedeu espaço ao terno e gravata e o quartel, ao prédio da antiga Rede Ferroviária Federal, no centro da capital paulista, hoje sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado. É ali que o homem que esteve por duas vezes à frente do Comando Militar do Sudeste (CMSE) trabalha desde janeiro de 2019.
Campos citou nomes de generais do atual Alto Comando do Exército (ACE), seus amigos e antigos subordinados, comprometidos com os princípios de neutralidade, isenção e apartidarismo do Exército. “Como instrutor, nosso objetivo é fazer de nossos alunos profissionais melhores do que nós. E os que me substituíram lá são melhores do que eu.”
A presença do general na Secretaria de Segurança de São Paulo ajudou, segundo avaliações feitas por integrantes do setor, a conter a corrosão que o bolsonarismo tentou provocar em outras polícias estaduais.
O general se tornou avalista da maior mudança até agora observada na área: o programa que instalou 3 mil câmeras individuais em PMs. Lideranças bolsonaristas atacaram a medida. No dia 14 de julho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu: “Câmeras ligadas 100% do período que o PM estiver trabalhando vai desestimulá-lo. Não vai tardar e a sociedade sentirá os efeitos”.
Campos disse ao Estadão que o programa de câmeras “não tem volta”. E anunciou que as atuais 3 mil devem chegar a 10 mil no fim do governo, em 2022. Mas o filho do presidente não ataca o general. Quando reclama da Segurança Pública paulista, sempre aponta o dedo para Doria. Por trás do discurso bolsonarista de que “a polícia precisa trabalhar” estaria o descontrole da letalidade policial sob a justificativa de que os bandidos podem atirar à vontade nos policiais.
O general falou do trabalho durante a crise sanitária. Durante a pandemia, conta o general, a Secretaria perdeu 196 homens para a Covid-19. Ele mesmo teve a doença de forma assintomática em 2020 e, neste ano, vacinou-se – já tomou as duas doses. “Tenho 67 anos”, disse.
A reportagem mostra ainda a trajetória do general. Era 1969, quando ele, o filho mais novo do dono de um cartório de Monte Mor, cidade da região de Campinas, no interior paulista, foi inscrito com outros três colegas de sala de aula por um professor no exame da Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Todos passaram. E lá foi ele fazer o que o pai julgava ser um “bom científico”.
Começava ali uma carreira na Arma da Artilharia que o levaria a rodar pelo Brasil com a mulher e os dois filhos, a mudar 44 vezes de casa e a ser instrutor na Academia de Guerra da Força Terrestre do Equador por dois anos antes de voltar, após 43 anos, a São Paulo, para comandar a 2.ª Região Militar. “Para a família, foi puxado.”
esse general é digno de envergar o uniforme do Exército, mas sempre existe a banda podre que infecta qualquer órgão público ou privado.