O ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), disse que Jair Bolsonaro insiste na discussão sobre voto impresso e ataca os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para não ter que falar da crise econômica que seu governo tem aprofundado.
“40 milhões de pessoas com trabalho precarizado, o salário mínimo com o menor poder de compra dos últimos 16 anos, a inflação no atacado com 35% ao ano, que é a inflação do aluguel, das tarifas públicas rebatendo na energia, e o Bolsonaro tem conseguido desviar o assunto para voto impresso e para o conflito retórico com um tribunal que acaba engolindo”, afirmou.
Ciro disse que Bolsonaro “é um grande canalha” que “roubava dinheiro da gasolina do gabinete, dos funcionários fantasmas e do dinheiro do auxílio moradia”.
“Bolsonaro sempre foi uma pessoa ligada à tortura, ao banditismo, às milícias”, afirmou Ciro no programa Conversa com Bial, que foi ao ar na madrugada da terça-feira (10).
“Bolsonaro é mau, é perverso. Ele simulou uma pessoa com asfixia em uma live”, comentou.
Jair Bolsonaro praticava “rachadinha” em seu gabinete na Câmara dos Deputados. Ele indicava amigos e familiares para cargos de assessoria e se apropriava de até 90% dos salários.
Seus filhos, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro também são investigados pelo mesmo crime.
Para o ex-governador, Jair Bolsonaro e Lula tem o mesmo modelo econômico, o neoliberalismo e de governança, com base na corrupção, e não são capazes de fazer com que o Brasil supere a crise.
Enquanto Bolsonaro, disse Ciro, e sua família “roubavam” em seus gabinetes e agora “roubam” no governo federal, “o governo do Lula era organicamente corrupto”.
“É a mesma governança política e o mesmo modelo econômico. Se a gente não entender isso, o debate vai ser picanha e cerveja versus os filhos ladrões do Bolsonaro. O Brasil não aguenta isso”, disse.
“Vou fazer o esforço da gente discutir o que interessa: modelo econômico e modelo de governança política”, continuou.
Ciro Gomes disse ainda que não perdoa Lula e o PT por não estarem querendo debater o projeto de destruição nacional do governo Bolsonaro.
“Nós tínhamos que estar forçando o debate para aqueles assuntos que, de fato estão interessando ao povo, desqualificam o Bolsonaro no seu mérito. E não deixando Bolsonaro excitar a minoria de fanáticos que o seguem cegamente como está fazendo”, argumentou.
Questionado por Pedro Bial se era a “terceira via”, Ciro disse que “não, eu sou a primeira”.
“Terceira via coisa nenhuma. Eu acho que o Bolsonaro não estará nas eleições e, em estando, provavelmente não estará no segundo turno”, continuou.
Apesar de dizer que os dois têm o mesmo modelo, Ciro diferencia Bolsonaro e Lula nas questões democráticas e de direitos humanos.
“Claro que qualquer brasileiro minimamente sereno sabe que o Lula e o Bolsonaro são pessoas absolutamente distintas uma da outra. O Lula está no campo da democracia, o Bolsonaro está no campo da ditadura, da tortura, do enfrentamento da ciência, da confrontação da cultura, do preconceito, da xenofobia, da homofobia, está no campo do perverso”, analisou.
GRANDEZA
Durante o programa, Bial mostrou um trecho de sua conversa com o ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, na qual ele falava que Lula fingiu articular uma chapa de Ciro com Haddad, mas depois traiu sua palavra.
“No fundo, se eles não tivessem traído o Ciro ele teria sido eleito. Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso. No final, o PT não teve a grandeza de ser o segundo na chapa”, comentou.
Ciro confirmou o relato e disse que Lula “pessoalmente me pediu para ir a Curitiba e eu achava que aquilo era uma vassalagem simbólica descabida, aquilo que o Haddad topou fazer, de toda semana ir lá”.
“Aquilo não podia dar certo, porque o Brasil não precisa de um poste, precisa de um líder, alguém que venha colocar o país para correr. Poste nós já tínhamos experimentado na trágica decisão do Lula de explorar sua popularidade generosa, parte merecida, de colocar a Dilma, com experiência anterior zero, que desastrou o país”, continuou.