O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), participaram do 2º Debate dos Presidenciáveis do Centro Democrático, organizado pelo Estadão e pelo Centro de Liderança Política (CLP), que teve como foco a melhoria dos serviços públicos.
Os três condenaram os ataques de Jair Bolsonaro à democracia e suas ameaças às eleições de 2022.
Para Mandetta, a democracia é “o elemento que vai amparar toda a reparação nacional. Não existe nenhuma estratégia de melhorar a eficiência pública sem democracia, sem respeito às instituições”.
O governador Eduardo Leite acredita que Bolsonaro “ataca as urnas” eletrônicas porque está “diante de uma contestação no processo eleitoral pela própria população”.
Ciro Gomes afirmou que “a falta de respeito, despudor, a falta de decoro com que se comporta Jair Bolsonaro tem que ter um reparo duro, sóbrio e firme das instituições”.
Nas discussões em torno da eficiência dos serviços públicos, Luiz Henrique Mandetta defendeu a estabilidade dos servidores e Ciro disse que o país precisa voltar a crescer para que os serviços tenham investimento.
Mandetta falou que a estabilidade é uma “necessidade para a boa administração pública”. “Relativizar a estabilidade em um governo, como a gente está vendo, que escolhe por quem deu like em alguma coisa, por quem fez um comentário na internet, vai ser uma caça às bruxas”, continuou.
Ciro disse que “o problema é de modelo econômico. O Brasil cresce zero há 10 anos. O país está proibido de crescer por conta dessa amarra de modelo econômico”.
Ele argumentou que novos policiais ou médicos só podem ser contratados com o fim do teto de gastos, assim como incentivos através de bonificações.
O governador Eduardo Leite avalia que o foco deve ser “enfrentar a corrupção e desperdício do dinheiro público através de políticas públicas ineficientes”.
Leite defende uma “política pública com base em evidências, com dados, transparência absoluta, uso da tecnologia, a digitalização dos serviços para que possa haver o melhor controle”. Ele acredita, ainda, que parte dos serviços públicos devem ser concedidos à iniciativa privada.
Os três presidenciáveis discutiram sobre a informatização dos serviços públicos e o desenvolvimento da educação.
Mandetta declarou que o presidente da República deve ter uma política clara para todos os níveis da educação, uma vez que todos estão defasados.
“Ou nós enfrentamos o ciclo completo com uma decisão política absoluta do presidente da República ou a gente não paga essa dívida social absurda”.
Ciro Gomes acrescentou dizendo que o país precisa “discutir um novo paradigma pedagógico que ensine o aluno a olhar criticamente para a realidade”.
O governo federal precisa realizar a “estruturação de uma rede nacional em que os conteúdos serão padronizados, de baixo para cima, e haverá um imenso esforço para a requalificação do magistério para essas novas pedagogias, correspondente a um reforço no seu salário”, completou.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O evento ficou mais quente quando Ciro Gomes e Eduardo Leite debateram sobre como pretendem trazer desenvolvimento econômico para o país.
O ex-governador do Ceará afirmou que o país não está crescendo porque o modelo econômico neoliberal, aplicado desde a década de 1990, o impede.
“Eu tô pedindo é que olhemos o Brasil estruturalmente, fora da receitinha de bolo que todo mundo repete e que está levando o país a uma tragédia”.
Ciro Gomes disse que os “vôos de galinha” durante os governos do PT não são suficientes e que o modelo, também durante esses governos, trouxe concentração de renda.
Eduardo Leite, por outro lado, defendeu que o “crescimento da economia se faz, na minha opinião, estimulando o ambiente de negócios para o desenvolvimento. Você precisa de previsibilidade”. Segundo ele, os ataques de Jair Bolsonaro às instituições destroem o ambiente de negócios.
Leite disse que não podemos pegar uma fórmula “de outros tempos, com endividamento e problemas para o país no curto e médio prazo”.