Left BanK ou banco de esquerda é o “ovo de Colombo”, com validade vencida, descoberto por Marco Maia, ex- torneiro mecânico, ex-deputado pelo PT, ex-acusado por suposto pedido de suborno, ex-presidente da Câmara de Deputados – e agora pretendente a “banqueiro do bem”.
Sobre a bondade dos banqueiros, o dramaturgo Bertolt Brecht, em 1928, escreveu, numa peça denominada “A Ópera dos Três Vinténs”: No terceiro ato, um dos ladrões, que resolveu investir o produto de anos de roubo na aquisição de um banco, explica a seus comparsas as vantagens do novo negócio: “O que é roubar um banco, comparado a fundar um banco?”.
Maia quer roubar como banqueiro, mas promete distribuir 20% dos dividendos para os movimentos sociais. Chamemos o modelo de social-especulativismo. Afinal, a ideia não é original. É uma cópia mal feita do “social-desenvolvimentismo”, onde se espera dos monopólios estrangeiros e, mais ainda, é claro, dos nacionais, uma pequena parte do super botim extraído, ou, mais concretamente, da mais-valia extraordinária arrancada dos trabalhadores em países dependentes, para programas nem tanto ou nem sempre sociais.
Justiça seja feita, o sindicalismo pluralista e divisionista, desde os anos 80, importado da Europa, já dava o exemplo desse socialismo entre amigos, que basicamente consiste em tirar as castanhas do fogo para os monopólios privados.
Essa aristocracia operária fez campanha de difamação da CLT (Consolidação da Legislação Trabalhista), de que era uma cópia da Carta del Lavoro de Mussolini, da Contribuição Sindical (sistema de custeio que garantia o funcionamento das entidades sindicais) e do Juiz Classista. Os precursores do banqueiro Maia propunham “o negociado acima do legislado”. Em contrapartida, esperavam uma “modesta” Contribuição Negocial pelos “acordos compreensivos” com os cartéis, além da imprescindível participação nos projetos sociais. Quando as Reformas da Previdência e Trabalhista de Temer e Bolsonaro foram aprovadas, o estrago já estava feito.
Interrogado por um repórter se não havia contradição, Maia respondeu: “Estamos questionando as estruturas por dentro. Entramos no coração do capitalismo para inverter a lógica de apropriação dos bens do trabalhador…”, explica Maia. “Não adianta questionar o capitalismo e continuar comendo no McDonald’s e dando dinheiro para o Bradesco”.
Isso está mais é para inveja, para síndrome de Estocolmo (identificação com inimigo). É coisa de quem esteve de olho gordo nos 300 bilhões desviados do Tesouro este ano só no pagamento de juros aos bancos. Ou nos juros de 340% ao ano no cartão de crédito, ou no lucro de 7 bilhões de reais do Bradesco, no último trimestre. Nada a ver com os 20 milhões de brasileiros que passam fome, com 33 milhões estão desempregados, com os 38 milhões que estão na informalidade, com os 31 milhões de empregados que estão tendo salários arrochados pela inflação, com os 11 milhões de servidores públicos ameaçados pela PEC 32 ou com a indústria nacional que desaparece.
Como dizia o poeta “Aí, esses moços, pobres moços, saibam que deixam o céu por ser escuro e vão ao inferno à procura de luz”. A chiadeira sem autocrítica é hipocrisia.
CARLOS PEREIRA