
A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que teve início no último dia 27, paralisa atividades em portos e alfândegas nesta quarta e quinta-feira.
Desde o início da greve, os servidores realizam a chamada operação-padrão nos postos aduaneiros, também conhecida como operação-tartaruga, provocando maior lentidão na entrega de resultados com o aumento dos critérios para liberação das mercadorias, por exemplo.
A decisão pela paralisação ocorreu após o governo Bolsonaro descumprir o acordo com a categoria de garantir a regularização do Bônus de Eficiência e cortar recursos da Receita para custear o reajuste dos policiais federais, enquanto deixa o conjunto dos servidores sem qualquer reposição das perdas salariais.
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De acordo com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), cerca de 800 caminhões com diferentes produtos ficaram parados na fronteira, nesta quarta-feira, incluindo os que estão na capital Boa Vista e em Manaus.
O auditor-fiscal, Alisson de Oliveira Rocha, afirmou que os servidores iniciaram a paralisação no Estado na segunda-feira (3) e a greve segue por tempo indeterminado.
“Houve descumprimento de vários acordos do governo com a Receita Federal. Além disso, foi retirado o orçamento da Receita, o orçamento para manutenção do órgão foi retirado para dar aumento a uma classe específica e isso gerou um descontentamento geral, inclusive com entrega de todos os cargos comissionados. Praticamente todos os chefes da receita entregaram os cargos”, afirmou Alisson.
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No Porto de Santos, em São Paulo, a liberação de trigo vindo da Argentina está atrasada e já causa preocupação no setor. Segundo informações do Ministério da Agricultura, o problema em Santos envolve a carga de dois navios. Uma delas desembarcou no último dia 2, mas ainda não foi liberada em função da paralisação e que, com o espaço físico ocupado pelo primeiro carregamento, o segundo está impedido de descarrego.
NEGOCIAÇÃO
Com a pressão dos auditores, Denarium, afirmou ter procurado Guedes para garantir o bônus eficiência à categoria em reunião com representantes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) e disse apoiar a pauta reivindicatória da categoria dos auditores fiscais.
“Falei com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está sensibilizado com essa situação e também com o chefe geral da Receita em Brasília, Julio Cesar Viera Gomes. Estão abertas as negociações para o reconhecimento do bônus salarial de todos os auditores da Receita”, afirmou.
“O governo do estado está preocupado com a situação e estamos reunidos com os delegados da Receita Federal em Boa Vista, com o Sindifisco e com as empresas transportadoras. Trabalhamos em uma negociação para a abertura de nossas fronteiras para as exportações”, completou.
O Ministério da Economia, porém, negou que Guedes tenha conversado com o governador Antonio Denarium e o secretário especial da Receita Federal, Júlio Vieira, sobre reajuste do funcionalismo. “O ministro limitou-se a repassar as mensagens do governador ao secretário para colocá-los em contato sobre o assunto de Pacaraima”, disse o Ministério em nota, que ressalta que o ministro está em férias até 7 de janeiro.
ARROCHO SALARIAL
Em dezembro, Guedes já havia dito que é contra o reajuste salarial do funcionalismo, incluindo os dos policiais, demagogicamente defendido por Bolsonaro.
Enquanto Bolsonaro faz um aceno para tentar manter os policiais em sua base neste ano eleitoral, o corte no Orçamento da Receita impede o reajuste salarial dos servidores do órgão.
Além da greve da categoria, os servidores se mobilizam para uma paralisação nacional no próximo dia 18 para pressionar o governo quanto ao reajuste salarial do funcionalismo, que está há cinco anos sem reposição das perdas salariais.