90% dos internados em UTI pela Covid-19 não tomaram as vacinas adequadamente. Muitos estão arrependidos de terem dado ouvidos ao charlatanismo do “mito”
O Brasil está diante de dois surtos gravíssimos, o da ômicron, que está levando o país a bater novos recordes de casos de Covid-19, e o da estupidez de Jair Bolsonaro e seus ministros. Os dois surtos estão matando pessoas. A variante do vírus está sendo implacável com quem não se vacinou ou não completou o esquema de imunização.
E estes últimos são exatamente os que seguiram as desinformações e as mentiras fabricadas pelo Palácio do Planalto.
No Distrito Federal, 90% dos internados em UTI por conta de complicações da Covid-19, não tomaram as vacinas adequadamente, revelou estudo da Secretaria de Saúde da capital federal, divulgado na quarta-feira (26). As vitimas do vírus e das fake news espalhadas por Bolsonaro voltaram a encher os hospitais brasileiros. Já há 100% da ocupação de leitos de UTI em várias capitais do país.
No Rio de Janeiro, 88% dos pacientes que precisaram se internar também não completaram o esquema vacinal contra a Covid-19. Muitos deles estão manifestando arrependimento por terem seguido as idiotices do “mito” e terem desprezado a vacinação, como relatou nesta quinta-feira (27) Roberto Rangel, diretor-médico do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, centro de referência de Covid na capital fluminense.
“Os que estão internados e não se vacinaram estão pedindo pelo imunizante, com a ideia ansiosa de que podem melhorar instantaneamente. Depois que a pessoa vivencia a doença e vê o que ela pode causar, é comum que mudem de ideia sobre a vacinação”, afirmou o médico.
O surto de Bolsonaro é criminoso e letal porque auxilia, e muito, o vírus a atacar e matar as pessoas. Ele atrasou a vacinação de crianças e espalhou mentiras sobre os efeitos do imunizante. Disse que as mais de 300 mortes de menores de 11 anos eram “insignificantes”. Fez campanha contra a vacinação. Chegou a ameaçar servidores da Anvisa contra a aprovação da vacinação infantil.
Obrigou o Ministério da Saúde a divulgar um documento que contraria toda a equipe técnica do órgão e a comunidade científica brasileira, afirmando que as vacinas não tiveram a eficácia comprovada e que a cloroquina, esta sim, funciona contra a Covid-19.
A atitude de Bolsonaro, negando a importância da vacina e afrontando os dados – que confirmam sobejamente sua eficácia para evitar mortes e internações – extrapolou todos os limites. Não é à toa que as pesquisas apontam para a alta rejeição a seu governo.
Bolsonaro está sabotando a ciência e ajudando o vírus em plena explosão de casos de Covid. Só na quarta-feira (26) foram 219.878 novos casos. As mortes já passaram de 600 em um único dia. A maioria delas de não vacinados. Atacar as vacinas numa hora dessas é uma atitude irresponsável e criminosa.
Como era de se esperar, o comportamento genocida do governo foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma notícia-crime, com pedido de investigação, apresentada contra Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O motivo é a demora em incluir crianças na faixa de 5 a 11 anos de idade no plano de vacinação contra a Covid-19, que teria gerado “provável cometimento de crime de prevaricação”.
A própria ministra Rosa Weber também deu prazo de cinco dias para que o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, explique a “nota técnica” na qual atesta efetividade e segurança no uso de hidroxicloroquina no tratamento contra coronavírus, mas não das vacinas. O documento foi repudiado por toda a comunidade científica brasileira e mundial.
Milhares de médicos, gestores e personalidades protestaram com um abaixo assinado dirigido ao Ministério Público e ao Conselho Federal de Medicina exigindo punição para os profissionais da área envolvidos no charlatanismo palaciano. A sociedade brasileira está clamando por Justiça e também que as autoridades protejam a população contra a nova onda de Covid-19 que está assolando o país.
O que está em jogo para a população é a aceleração da vacinação e a garantia de leitos para o tratamento da doença. Bolsonaro está colocando a vida das pessoas em risco ao reacender o negacionismo e o charlatanismo que a população já havia repudiado ao aderir em massa aos cuidados e à vacinação. Politizar irresponsavelmente a pandemia, como Bolsonaro está fazendo, com fins meramente eleitorais, é um crime contra a vida e contra a Saúde Pública.
SÉRGIO CRUZ