
O juiz da 7ª Vara Federal Criminal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, acatou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) no estado e transformou de temporária para preventiva a prisão do presidente afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman. Com a decisão de Bretas, ele permanecerá detido por tempo indeterminado.
Bretas atendeu ainda ao pedido do MPF de prorrogação da prisão temporária de Leonardo Gryner, ex-diretor do COB e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. Nuzman e Gryner estão presos desde quinta-feira (5), quando foi deflagrada a Operação Unfair Play – Segundo Tempo, um desdobramento da Unfair Play, que revelou a compra de votos para a escolha do Rio como sede olímpica de 2016.
Para solidificar o pedido de prisão preventiva de Nuzman, os procuradores afirmam que o dirigente teve a intenção de atrapalhar as investigações. Como prova dessa acusação está o fato de Nuzman ter imprimido e-mails em que Papa Diack, filho do membro do COI Lamine Diack, acusado de vender votos que elegeram o Rio sede das Olimpíadas de 2016, cobra de Nuzman e Gryner o pagamento do acordo realizado entre eles. Os e-mails impressos foram encontrados na casa de Nuzman no dia de sua prisão.
Dias antes da votação, Papa Diack recebeu transferências bancárias, no total de 2 milhões de euros, de uma conta do empresário Arthur Soares, o “Rei Arthur”, implicado em esquemas de corrupção ligados ao ex-governador Sérgio Cabral. O MPF investiga se o esquema de compra de votos foi além de Lamine Diack, envolvendo outros membros do COI.
Os procuradores acrescentam que pediram às autoridades suíças ajuda na investigação de bens de Nuzman naquele país, pois caso seja solto, terá acesso a seus bens facilitando a ocultação de patrimônio. Outro motivo para a prisão preventiva, segundo os procuradores, foram e-mails em que Nuzman pede, no fim de setembro, que o comitê Rio-2016 faça pagamentos, por prestação de serviços jurídicos, ao escritório do advogado Nélio Machado, que o defende neste caso. Isto mostraria, segundo o MPF, que Nuzman tem utilizado a instituição, que recebeu dinheiro público para a organização dos Jogos, em benefício próprio.