Grupos de extrema-direita estariam preparando atentado de bandeira trocada. Informação é do colunista Matheus Leitão, da revista Veja. Duas fontes disseram ao jornalista que há risco até para os militares envolvidos no desfile
A revista Veja acaba de divulgar a notícia de que órgãos de inteligência estão investigando suspeita de ataque de bandeira trocada (feito pela direita para culpar a oposição) no ato golpista do 7 de Setembro, convocado por Jair Bolsonaro. Segundo a revista, o ato criminoso seria realizado para ferir os próprios bolsonaristas, gerar pânico na sociedade e, em seguida, colocar a culpa na esquerda.
O colunista Matheus Leitão afirmou que a suspeita foi confirmada por dois oficiais desses órgãos de inteligência com longo serviço prestado ao país, mas sem nenhum viés ideológico. O jornalista afirma que, em nenhum momento, contudo, as fontes desta informação repassada à coluna – relacionada à suposta conspiração em curso no Brasil em pleno 2022 – citaram o envolvimento de setores do Exército ou da Polícia.
Matheus Leitão afirma que as fontes informaram que a preocupação é exatamente o contrário. Que o atentado ocorra justamente contra militares no 7 de Setembro, ou atingindo grandes aglomerações, para ampliar uma narrativa falaciosa e poder jogar a culpa em forças da oposição democrática.
Recentemente, um terrorista, Ivan Rejane Fonte, foi preso após fazer ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal e também a Lula, que lidera as pesquisas eleitorais, e a outros líderes da oposição. Na decisão tomada esta semana, de manter o terrorista na prisão, Alexandre Moraes afirma que há indícios de que Rejane Fonte faça parte de associação criminosa.
“A prisão preventiva se trata, portanto, de medida razoável, adequada e proporcional para garantia da ordem pública com a cessação da prática criminosa reiterada, havendo, neste caso, fortes indícios de que o investigado integra associação criminosa”, escreveu na decisão. A ação preventiva do STF é exatamente para impedir o aumento da violência política que pode ocorrer nas eleições deste ano, estimulada pela provável derrota de Bolsonaro.
Em sua convocação para o ato golpista de 7 de Setembro, Bolsonaro diz que essa seria a última mobilização de rua antes das eleições. Ele disse isso depois de se desgastar profundamente após convocar uma reunião com embaixadores de diversos países no Palácio da Alvorada para atacar ministros do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, o sistema eleitoral brasileiro e fazer ameaças contra a democracia.
Na manhã desta terça-feira, ele voltou a atacar os ministros com mentiras. Disse que o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria espalhando fake news sobre as urnas. Afirmou isso sem apresentar nenhuma prova ou fato concreto, e acusou o ministro Luiz Roberto Barroso de ser um criminoso. O “crime” de Barroso seria a defesa, feita por ele, do sistema eleitoral brasileiro. Ou seja, Bolsonaro mostra sinais de que pretende mesmo tumultuar as eleições de outubro.
Tentando arrastar as Forças Armadas para sua aventura golpista, Bolsonaro está forçando um desfile fora do lugar tradicional, que é a Avenida Presidente Vargas, transferindo-o para a praia de Copacabana, e orientou o seu ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a desempenhar um papel ridículo de exigir do TSE, “com a maior urgência”, o acesso aos códigos fontes da urnas eletrônicas. O ridículo a que Bolsonaro expôs o ministro é que o acesso aos códigos fontes das urnas eletrônicas estão abertos desde outubro de 2021.