
Líderes do BRICS – o bloco constituído por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – em sua declaração ao final da cúpula de Johanesburgo, repudiaram o unilateralismo nas relações internacionais e se comprometeram em reforçar a cooperação, a soberania e o papel dos organismos multilaterais. No próximo ano, a presidência do bloco caberá ao Brasil e foi aprovado a abertura em São Paulo de um escritório do Banco dos Brics, oficialmente chamado de Novo Banco do Desenvolvimento.
Presidida pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, a cúpula realizada entre 25-27 de julho contou com a participação do presidente chinês, Xi Jiping, do presidente russo Vladimir Putin, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e do presidente brasileiro, Michel Temer.
“Devemos continuar comprometidos com o multilateralismo e os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas”, conclamou Xi, defendendo que, em prol da paz e da segurança mundiais, os membros dos Brics devem “pedir a todas as partes que cumpram as normas fundamentais que regem as relações internacionais e solucionem as disputas pela via do diálogo”.
O presidente Putin saudou o crescimento de 30% no comércio com os Brics e a relevância adquirida pelo bloco. Para os Brics, as relações internacionais devem se pautar pelo respeito mútuo, igualdade e justiça, através de relações mutuamente vantajosas.
ORIENTE MÉDIO
Entre os temas a declaração manifestou preocupação com a ameaça de militarização do espaço, o aumento da tensão no Oriente Médio e se pronunciou contra o uso da força. Também apelou ao pleno respeito no âmbito do acordo nuclear com o Irã e a busca de uma solução duradoura para o conflito palestino-israelense com base nas resoluções da ONU, nos princípios de Madri e na Iniciativa Árabe pela Paz, que garanta o Estado Palestino coexistindo ao lado de Israel.
O comunicado também saudou os avanços do diálogo na península coreana e insistiu na necessidade da luta contra o terrorismo “sob a égide da ONU e uma sólida base jurídica internacional”. Também se pronunciou que “em nenhum conflito se pode permitir o uso da força desde o exterior”.
A declaração também condenou o bloqueio – que vem desde o governo de Obama – à escolha dos membros do órgão de apelação da OMC, que é a corte de solução das divergências comerciais entre os estados-membros.
A.P.