Em liberdade provisória, homem não atendeu telefonemas, mas respondeu ao serviço de monitoramento por aplicativo. Dialogo é surreal
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decretou, nesta sexta-feira (26), a prisão preventiva do homem acusado de envolvimentos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O bolsonarista, que estava em liberdade provisória desde janeiro do ano passado, usava tornozeleira eletrônica e não podia violar a zona de restrição, mas desrespeitou os limites determinados pela Justiça, servidores e xingou ministros do STF. O nome não foi revelado.
De acordo com a decisão, a 1ª Vara da Comarca de Venâncio Aires (RS) noticiou em dezembro do ano passado que o réu descumpriu as medidas cautelares, como o recolhimento à residência nos fins de semana.
O réu não atendeu aos telefonemas feitos para os números de contato cadastrados no sistema, mas respondeu ao serviço de monitoramento quando feito contato via aplicativo de mensagens, consta na decisão.
Nas conversas — surreais —, com os servidores do órgão de monitoramento, o homem debochou da autoridade, mandou prender e xingou ministros do STF e, ainda, reclamou da tornozeleira eletrônica.
O nível de insanidade beira o ridículo. E leva a crer que esses seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parecem que vivem em realidade paralela.
DECISÃO DE MORAES
Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que “o réu foi debochado e desrespeitoso com os servidores”.
“A conduta do réu, que insiste em desrespeitar as medidas cautelares impostas nestes autos e referendadas pelo Plenário do Supremo, revela seu completo desprezo por esta Suprema Corte e pelo Poder Judiciário em geral, pois sequer se deu ao trabalho de comparecer à audiência de justificação designada pelo juízo de primeiro grau”, escreveu o ministro.
CONDENADOS PELOS ATOS GOLPISTAS
Até o momento, 30 pessoas foram condenadas pelo STF às penas que variam de 3 anos de detenção em regime aberto, a 17 anos de prisão em regime inicialmente fechado.
Os julgamentos na Corte Suprema estão em curso e serão retomados em fevereiro, quando a Justiça retoma os trabalhos depois do recesso forense.
Os prejuízos materiais causados pelos golpistas bolsonaristas passam dos R$ 22 milhões, segundo o governo federal.
Os vândalos picharam paredes, quebraram vidros, incendiaram carpetes, danificaram obras de arte e furtaram objetos em exposição. Algumas esculturas e móveis históricos não foram recuperados e não podem ser repostos.
Leia trechos do diálogo mantido pelo réu com servidores por aplicativo de mensagem:
“Servidor(a): Ligue para o monitoramento com urgência!
Réu monitorado: Não tenho nada pra falar com você, tranquilo.
Servidor(a): Então ligue para o monitoramento, pois nós temos que falar com o sr.
Servidor(a): Atenda a ligação
Servidor(a): Estou lhe orientando a retornar para casa imediatamente. São 12h35min de sábado. O sr. está violando zonas desde às 9 horas da manhã. O sr. sabe que tem que permanecer em sua residência nos finais de semana e está violando todos os finais de semana referida restrição judicial e não está adiantando lhe orientar todos os finais de semana. Este print assim como relatório de sua violação será encaminhado ao juiz. Boa tarde.
Réu monitorado: Você manda em mim não quem manda em mim é deus.
Réu monitorado: Vão prender os ministros do STF são chefes do comando vermelho.
Réu monitorado: Estão do lado da bandidagem aí vcs não vão né.
Servidor(a): O relatório será encaminhado. Orientar o sr. que o sr. deve cumprir a decisão judicial é parte do nosso trabalho e estamos fazendo o nosso trabalho. Boa tarde!
Réu monitorado: Faz o trabalho de vcs que eu faço a minha parte
Réu monitorado: Blz
Réu monitorado: Amo vcs beijos te amo”