
“Israel está em caminho de se tornar um Estado pária, como foi a África do Sul”, alertou ainda o ex-vice-chefe do Estado-Maior do exército israelense e líder oposicionista, Yair Golan
O ex-vice-chefe do Estado-Maior do exército israelense e líder oposicionista, fundador do partido Democratas, Yair Golan, acusou, em entrevista, as chamadas Forças de Defesa de Israel (FDI) de cometerem crimes inomináveis contra civis palestinos.
“Israel está em caminho de se tornar um Estado pária, como foi a África do Sul, se não voltarmos a agir como um país são”, afirmou Golan. “Um país são não luta contra civis, não mata bebês como passatempo e não tem como objetivo expulsar populações”, declarou, pondo o dedo na ferida da banalização em Israel do genocídio que é perpetrado contra os palestinos.
As declarações foram feitas na última segunda-feira (19) à emissora de rádio pública israelense Reshet Bet (Rede B) e reverberam a repulsa que se espalha no mundo com a carnificina em curso e iminente morte, pela fome, de 14 mil crianças, sob o bloqueio de Netanyahu à entrada de alimentos em Gaza, como denunciado pela ONU.
Ele também se referiu à questão que não quer calar, a de que um país criado após o genocídio perpetrado pelos nazistas contra os judeus, não pode repetir impunemente essa atrocidade contra os palestinos.
“Não pode ser que nós, o povo judeu, que fomos alvo de perseguições, massacres e atos de extermínio ao longo de toda a nossa história e que servimos historicamente como símbolo da moral humana e judaica, sejamos agora os que estão tomando medidas simplesmente inaceitáveis”, disse.
Para ele, o governo de Netanyahu está “cheio de gente que não tem nada a ver com o judaísmo”. E que, asseverou, se tornaram uma ameaça à existência do Estado judeu e deveriam ser substituídos o quanto antes. O que, conforme o ex-líder militar, ajudaria a encerrar a guerra.
“NÃO DEIXAR UM SÓ BEBÊ LÁ”
Enquanto Golan se pronuncia contra o repugnante massacre de crianças perpetrado diariamente aos olhos do mundo, de forma ostensiva, o que nem os nazistas se atreveram, seguem pululando em Israel as convocatórias a mais monstruosidades.
O ex-deputado Moshe Feiglin afirmou na terça-feira (20) que “cada bebê em Gaza é um inimigo”. Ele defendeu uma ocupação total do território palestino. “Temos que colonizar Gaza e não deixar um só bebê lá. Não há outra vitória”, declarou Feiglin durante uma entrevista.
As falas ocorrem em meio à continuidade da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, iniciada após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. A operação já deixou dezenas de milhares de mortos, segundo autoridades locais, e tem sido alvo de críticas internacionais por seu impacto sobre civis e infraestruturas essenciais.