Supremo brasileiro vai seguir com julgamento dos criminosos chefiados por Bolsonaro. O grupo tentou dar um golpe de Estado. Ameaças do governo americano não vão intimidar os ministros
O vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, voltou a ameaçar autoridades do Judiciário brasileiro, agindo como se Donald Trump fosse um “xerifinho” do mundo. O funcionário de Trump parece não perceber que os Estados Unidos já não estão mais com essa bola toda. “Nenhum juiz brasileiro ou outro tribunal estrangeiro pode anular a 1ª Emenda”, disse o sub funcionário do atual regime decadente da Casa Branca.
A publicação de Landau foi uma resposta a uma postagem de uma conta do próprio X, que acusa Moraes de “emitir ordens secretas para que o X removesse usuários, como políticos, jornalistas e até mesmo alguns cidadãos norte-americanos”.
Christopher Landau deve se convencer logo de que a referida emenda – a 1ª Emenda da Constituição dos EUA – não vale para o Brasil. Afinal, leis americanas só podem valer para os cidadãos americanos. O Brasil segue a sua Constituição. E aqui, os criminosos são julgados e, se forem culpados, responderão por seus crimes. E assim será, mesmo que o funcionário, e o próprio Trump, ameacem juízes da Suprema Corte brasileira para proteger seus criminosos locais.
“Enquanto a Administração do presidente Donald Trump estiver no comando, indivíduos e empresas norte-americanas podem ficar tranquilos, pois nenhum governo estrangeiro poderá censurar a liberdade de expressão de indivíduos e empresas norte-americanas em território norte-americano”, prosseguiu o vice-secretário. Sim, em território americano, tudo bem. No Brasil, não.
“Nenhum juiz brasileiro ou outro tribunal estrangeiro pode anular a 1ª Emenda. Ponto final”, insistiu o funcionário do governo americano. “A 1ª Emenda da Constituição dos EUA assegura a liberdade de expressão, de imprensa e outras liberdades”, prosseguiu Landau, tergiversando sobre o fato de que o Supremo Tribunal Federal (STF) não interferiu nos assuntos internos dos EUA. Ele decidiu sobre normas e leis que funcionam dentro do território brasileiro.
A publicação de Landau falta com a verdade e espalha mentiras também ao repetir uma postagem do X que afirma que Alexandre de Moraes teria “emitido ordens secretas para que o X removesse usuários, como políticos, jornalistas e até mesmo alguns cidadãos norte-americanos”.
Essa é uma informação mentirosa, mas mesmo assim a provocação prosseguiu. “Essas ordens frequentemente envolvem suspensões completas de contas sem aviso prévio ou recurso”, afirmou o funcionário americano. O que incomoda o X e Landau, na verdade, é que, dentro do Brasil, todas as empresas, sejam elas de que país forem, deverão obedecer às leis brasileiras.
O comunicado de Landau cita uma fala do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que também mentiu sobre Moraes. “Alexandre de Moraes assumiu a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas norte-americanas e brasileiras”, declarou Bessent. Ele segue com suas falsificações ao dizer que Moraes é responsável por “uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados – inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro“.
A narrativa de Bessent é totalmente falaciosa. Jair Bolsonaro é réu num inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado comandada por ele e que previa o assassinato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A Justiça brasileira está cumprindo a sua obrigação julgando os criminosos por esses crimes. Como esses criminosos são bajuladores de Trump, o ocupante da Casa Branca tenta livrá-los da cadeia. Mas, como o Brasil, para infelicidade de Trump, é um país soberano, o STF segue o seu trabalho sem intimidações.
