
Boletim Focus do BC continua prevendo Selic nas alturas por longo período
Analistas de bancos e instituições financeiras permanecem com a projeção da taxa básica de juros (Selic) em 15% no final de 2025, mesmo após a forte perda de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, período que cresceu 0,4% frente ao primeiro trimestre (alta de 1,3%). Os dados são do boletim Focus, divulgados pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (8).
Essa é 11ª semana consecutiva em que os bancos, consultados pelo BC, permanecem com a estimativa da Selic em 15%, atual patamar da taxa, mantendo o Brasil campeão mundial de juro real.
Já a estimativa de inflação foi mantida em 4,85%, após 14 semanas consecutivas de queda. O mercado também revisou para baixa a expectativa para o PIB de 2025, que caiu de 2,19% para 2,16%.
Com a Selic em seu maior nível em quase 20 anos, a indústria de transformação apresentou um recuo de 0,5% no segundo trimestre de 2025. No primeiro trimestre, o crescimento do principal ramo da indústria brasileira havia ficado 1% em baixa.
MENOS JUROS E MAIS INVESTIMENTOS
“O atual patamar da taxa básica de juros, em 15%, é insustentável para quem produz”, criticou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, ao cobrar a redução dos juros pelo BC.
“Se a redução da taxa Selic não ocorrer logo, os efeitos da queda da atividade industrial deverão se alastrar pela economia, na medida em que afetarem emprego e renda do trabalhador industrial, além dos investimentos”, alertou Alban.
Em julho deste ano, a indústria de transformação registrou uma queda de 0,1% na produção, marcando o quarto mês consecutivo sem crescimento (abril deste ano – queda de -1%; em maio, -0,5%; e junho, +0,1%). Com esse resultado, a produção nacional não cresce há quatro meses e acumula perda de 1,5% no período.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) também avalia que a desaceleração do PIB e predominância de variações negativas na produção física estão atreladas as “altas consecutivas das taxas de juros”. O Iedi destaca que na indústria de transformação “estão muitos ramos produtores de bens, cujos mercados dependem das condições de juros e crédito para se dinamizarem”.