Um soldado dos Estados Unidos da base naval de Okinawa, no Japão, matou a facadas a namorada e depois se suicidou em um apartamento em Chatan, no último sábado.
Conforme a polícia, o soldado de 31 anos, membro da 3ª Divisão de Fuzileiros Navais dos EUA, e a japonesa de 44 anos foram encontrados ainda sangrando. O filho da mulher, que também se encontrava no apartamento, ligou para um parente pedindo socorro.
O crime ampliou ainda mais a rejeição e os protestos contra a presença norte-americana no local, que ao longo de décadas tem sido sinônimo de bárbaras agressões e todo tipo de desmandos e violações à soberania.
Tentando amenizar a rejeição, evidenciada nas massivas manifestações contrárias à sua presença, os Estados Unidos planejam erguer uma nova base aérea, distante do Sul densamente povoado da Ilha. A excrecência está sendo construída ao lado do atual Camp Schwab, levando ruído e perigo, e colocando em risco os ricos ecossistemas marinhos e terrestres altamente frágeis.
CRIME AMBIENTAL
Cercadas por praias de areia branca, as águas cristalinas de Cape Henoko, na Baía de Oura, no norte de Okinawa, são um ponto de biodiversidade que abriga mais de 5.300 espécies de corais, peixes, invertebrados e a última população remanescente de dugongos de Okinawa , um mamífero marinho em forma de peixe-boi ameaçado.
A profundidade da baía torna atraente a região para manobras dos militares norte-americanos, reconheceu o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. “É por isso que os militares querem usar [Henoko], porque eles têm submarinos e grandes navios. É muito difícil ir a outros lugares”.
De acordo com um estudo de Impacto Ambiental do próprio Ministério da Defesa do Japão, existem no local mais de 260 espécies ameaçadas de extinção – pepinos-do-mar gigantes, cobras, caranguejos, esponjas e outras espécies ainda não descritas pela ciência. Além disso, há pesquisas documentando a existência de inúmeras espécies que existem tão somente no um local, o que abre o potencial para novas descobertas científicas.
Em 2014, 19 organizações de conservação japonesas reconheceram coletivamente o ecossistema de recife de coral do Pacífico Ocidental como “a maior biodiversidade marinha do mundo”.
Com menos de 1% do território japonês, Okinawa está ocupada desde o final da Segunda Guerra pelos EUA, abrigando mais da metade dos 57 mil militares instalados no país. Em um referendo não vinculante realizado em fevereiro no local, 72% dos japoneses se pronunciaram pela saída norte-americana.
Diferente disso e violando a soberania japonesa, os EUA se arvora o direito de “construir, instalar, manter e empregar em qualquer instalação ou área qualquer tipo de instalação, arma, substância, dispositivo, embarcação ou veículo em ou sob o solo, no ar ou sobre ou sob a água”.
Para termos uma ideia do significado destes atropelos na prática, em dezembro de 2017, uma janela de um helicóptero norte-americano caiu em uma escola. Em novembro do mesmo ano um fuzileiro naval, que dirigia embriagado, atropelou e matou uma mulher de 61 anos, e em outubro, um helicóptero explodiu depois de fazer um pouso de emergência.