
Os ataques cibernéticos desencadeados pelo regime Trump contra alvos iranianos provaram ser um fiasco, afirmou na segunda-feira (24) o ministro das Telecomunicações do Irã, Mohammad Javad Azari Jahromi. No sábado, o Washington Post chegara a asseverar que ataques cibernéticos anteriormente planejados teriam desativado os sistemas de lançamento de mísseis iranianos e que Trump teria autorizado.
“Eles tentaram com afinco, mas não conseguiram que seu ciberataque tivesse sucesso”, registrou o ministro iraniano em sua conta no Twitter. “A mídia perguntou se os supostos ataques cibernéticos contra o Irã eram verdadeiros”, disse Jahromi, que acrescentou: “No ano passado, neutralizamos 33 milhões de ataques com [nossos] firewalls”.
Duas fontes de Washington, sob anonimato, relataram à agência de notícias Associated Press o ataque, dirigido especificamente contra o sistema informático da Guarda Revolucionária iraniana (IRGC). Conforme a Yahoo!News, foi contra uma rede de inteligência iraniana encarregada de vigiar a passagem de navios no estreito de Ormuz.
Supõe-se que, na impossibilidade política de desencadear um ataque de retaliação à derrubada do drone que violou o espaço aéreo iraniano na quinta-feira, a Casa Branca haja optado pelo ataque cibernético, como forma de salvar a cara.
O fracasso do ataque cibernético não animou muito a Casa Branca a fazer algum comentário sobre o assunto. Curiosamente, na semana passada rumores em Washington asseveravam que a rede elétrica da Rússia teria sido atingida pela guerra cibernética dos EUA – cujo governo, com o cinismo costumeiro, vive culpando os outros pelo que descaradamente faz – ou tenta – e perseguindo empresas como a Huawei.
“SEM APETITE”
Nos EUA, onde segundo a presidente da Câmara de deputados, Nancy Pelosi, “não há apetite” pela guerra contra o Irã, os maníacos de guerra continuam tentando. Anunciou-se que as sanções agora vão atingir o líder espiritual supremo iraniano, aiatolá Khamenei, que, na atenta observação do site MoonOfAlabama, “não poderá mais ir à Disneylândia”.
Outro que irá ser sancionado até o final da semana será o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammed Javad Zarif – provavelmente pelo crime de ter denunciado publicamente a gangue dos quatro Bs – Bolton, Benjamin Netanyahu, príncipe Bin Salman e príncipe Bin Zayeff.
Mike ‘Nós mentimos, nós fraudamos, nós roubamos’ Pompeo saiu de mala e cuia em excursão pelo Oriente Médio com o intuito de formar uma “coalizão de dispostos”, para sua aventura contra o Irã.
Em entrevista, Trump disse que, se dependesse só de Bolton, “ele estaria em guerra com o mundo inteiro de uma só vez”. O que, explicou, se devia a que era um “falcão” (hawk), mas que ele queria que fosse assim mesmo em seu governo, com pombas e falcões. Só não revelou quem seria a “pomba”. Quem sabe, o genro Jared Kushner, o do “acordo do século”?
A explicação de Trump de que suspendeu o ataque a minutos de ser desencadeado continua difícil de engolir até pelos mais crédulos – particularmente pela explicação de que se deveu a que “150 iranianos iriam morrer, Sir”.
Soa mais plausível que o ataque cibernético haja fracassado, os mísseis iranianos continuaram prontos para abater intrusos, e a coisa acabou ficando de um jeito que não seria boa para os negócios nem para a temporada de caça ao eleitor norte-americano de 2020. Por sua vez, o governo de Omã desmentiu a informação de Washington de que teria recebido um alerta sobre o ataque iminente para repassar a Teerã.
PROVOCAÇÕES
O chanceler Zarif relatou que no dia 26 de maio houve o primeiro incidente de violação do espaço aéreo iraniano por parte de um drone norte-americano. “Mais provas – incluindo a incursão de um drone espião MQ9 em 26 de maio, a compra de lanchas rápidas e as chamadas telefônicas que buscam atribuir os ataques contra navios ao Irã – mostram que a ‘equipe B’ só estava a uns instantes de conduzir Donald Trump a uma guerra”, acrescentou, constatando a “prudência” que a evitou e advertindo sobre a tensão causada pelo “terrorismo econômico” desde Washington.
O regime Trump desencadeou uma guerra econômica contra o Irã, após se retirar de um acordo multilateral com Teerã, assinado por Barack Obama em 2015, e que vinha sendo cumprido rigorosamente pelos iranianos, como atestou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável pela fiscalização.
Acordo cuja essência era trocar o fim das sanções por restrições severas ao programa de energia nuclear iraniano, para que não restasse a possibilidade de construir armas nucleares.
Trump chegou ao extremo de anunciar que o Irã estará proibido de vender petróleo, de que depende para comprar tudo que necessita, e que o país que desacatar as ordens dos EUA será sancionado também. Uma ilegalidade completa, segundo a lei internacional.
“PRONTOS PARA REPETIR A RESPOSTA”
Desde Teerã, o presidente iraniano Hassan Rouhani exigiu o fim das sanções dos EUA. A retomada das ameaças por parte de Washington levou o comandante da Marinha de guerra iraniana, Hussein Khanzadi, a advertir os afoitos. “O inimigo despachou seu avião de vigilância mais avançado, sofisticado e inteligente para a zona restrita, e todos viram a queda deste veículo aéreo não-tripulado”, ele afirmou à agência de notícias Tasnim. “Posso lhe assegurar que esta firme resposta pode ser repetida e que o inimigo sabe disso.”
Na capital dos EUA, manifestantes foram até a Casa Branca, para repudiar a guerra ao Irã e denunciar o “criminoso de Guerra Bolton”. Na mais recente insanidade, Trump tuitou que os EUA vêm “protegendo as rotas marítimas” de outros países com “compensação zero” e, após lembrar que a China obtém “91% do seu petróleo do estreito (de Ormuz) e o Japão, 62%, sugeriu que os dois cuidem “de proteger seus navios”.
ANTONIO PIMENTA