“Isso está nos jogando para baixo”, disse um dos manifestantes, Thierry Cazemajou, que produz milho e feijão verde
Milhares de agricultores franceses cercaram a capital Paris nesta sexta-feira, 26, seguindo diversos dias de produção de engarrafamentos nas proximidades das principais cidades francesas e também realizaram protestos diante de prédios governamentais.
Os agricultores se insurgem contra o aumento de preços do diesel, elevações que tiveram início após os atritos com a Rússia instados pelos EUA que culminaram com a explosão de gasodutos que transportavam o gás russo mais barato aos centros de abastecimento da Europa.
Uma das rodovias principais que chega do norte a Paris foi bloqueada desde a manhã de sexta, causando grandes engarrafamentos.
Da mesma forma, cerca de 400 quilômetros de rodovias em torno da cidade de Lyon e até a fronteira com a Espanha ficaram paralisados.
Um dos manifestantes se referiu a declarações do recém-indicado primeiro-ministro Gabriel Attal que, em visita a uma região de atividade pecuária, disse que o governo iria deter o aumento dos preços de combustível em meio a uma fala que soou demagógica aos ouvidos dos agricultores: “Vocês mandaram uma mensagem e nós ouvimos, vamos colocar a agricultura acima de tudo o mais”.
“Nós não queremos mais palavras, nós queremos atos”, disse Sebastien, um jovem agricultor que participava de um bloqueio de estrada em torno do aeroporto de Blagnac, nas cercanias da cidade de Toulouse.
A principal entidade de agricultores franceses, FNSEA, avaliou em 55.000 a quantidade de participantes nos protestos desta sexta.
Arnaud Rousseau, que preside a FNSEA, chamou à continuação da mobilização. Ele se pronunciou logo após a fala de Attal e declarou: “O que foi dito esta tarde não nos acalma, nem diminui nossa ira, temos que seguir adiante. Ele não atendeu a nossas expectativas”.
Rousseau expressa a revolta dos agricultores com a recente medida do governo francês de cortar um subsídio para o diesel usado para abastecer equipamentos agrícolas.
“A taxa específica do diesel para a agricultura é realmente uma prioridade, traz uma redução de custo crucial”, afirmou Thierry Cazemajou, que tem plantações de milho e feijão verde e vende para grandes indústrias de vegetais enlatados.
“Isso está nos jogando para baixo”, alertou Thierry.
Muitos dos participantes nas demonstrações pedem que o governo estabeleça preços mínimos para seus produtos e que acelere os pagamentos daquilo que o governo adquire do setor.
Algumas das demandas dos agricultores franceses implicam em negociações com demais países da União Europeia.
Demandas similares levaram às estradas com seus tratores agricultores da Alemanha, Polônia, Romênia e Holanda.