O grande volume de chuvas que atingiu o sul da Bahia já fez 20 vítimas fatais, atingiu mais de 430 mil pessoas e deixou outras 16 mil desalojadas, segundo a última atualização da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec).
Novas pancadas de chuva são esperadas para a região ao menos até quarta-feira (29), porém em intensidade muito menor, segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desta segunda-feira (27).
O órgão também informou que o número de feridos (286) não foi alterado, em relação ao boletim anterior, por falta de informações atualizadas.
A divulgação dos números ocorreu durante reunião de monitoramento e alinhamento, realizada na base de apoio às vítimas das chuvas, montada em Ilhéus, no sul do estado. Participaram da reunião o governador Rui Costa, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Adson Marchesini, o superintendente da Defesa Civil do Estado, coronel Carlos Miguel de Almeida filho, e outras autoridades e representantes dos órgãos de apoio e socorro às cidades afetadas.
Nesta segunda (27), o tenente-coronel Manfredo Santana, comandante do 4° Grupamento de Bombeiros Militares de Itabuna, afirmou que tal volume de chuvas jamais foi visto ao mesmo tempo na região, e que os bombeiros ainda operam com a retirada de moradores de áreas de risco.
Diversas cidades do interior da Bahia tiveram a energia elétrica suspensa por questões de segurança, depois das inundações e enchentes causadas pelas fortes chuvas, que atingem o estado desde o mês de novembro. Vários pontos de rodovias federais também foram interditados.
De acordo com a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), nesta segunda-feira (27) o desligamento segue em Iguaí, que tem situação crítica, além de Itabuna, Ilhéus e Itambé, que têm bairros sem eletricidade.
Outras áreas também tiveram energia suspensa, mas o fornecimento foi retomado, como Itororó, Itapetinga e Poções. Ainda em Itambé, o fornecimento de eletricidade foi retomado apenas no bairro Agenor Novais e em parte do Centro da cidade.
Ao menos quatro rodovias federais têm pontos de interdição nesta segunda-feira, a maioria delas com interdição parcial.
A Bahia tem, até esta segunda, 72 municípios em situação de emergência reconhecida. No entanto, no domingo (26), o governador Rui Costa reconheceu outras 47 nesta condição. Do total, 58 delas estão também em situação de crise por causa das enchentes.
Nesta segunda, governados de 7 estados enviaram aeronaves e bombeiros em socorro às vítimas das enchentes. Enquanto os estados se mobilizam, Bolsonaro segue “de férias”, pescando em Santa Catarina, sem qualquer ação de apoio ou solidariedade às milhares pessoas atingidas pela tragédia.
Várias cidades baianas que ficam nas regiões sul e sudoeste também tiveram prejuízos por causa da chuva. As principais cidades atingidas foram Itabuna, Itamaraju, Jucuruçu, Eunápolis, Vitória da Conquista e Teixeira de Freitas.
O gerente comercial Franklin Bittar, morador de Itabuna, falou que nunca havia passado por essa situação e que precisou da ajuda de vizinhos para retirar móveis de dentro de casa.
“É desesperador, eu nunca passei por isso. Os vizinhos com a gente aí, ajudando. Subiu praticamente até o pescoço. Eu tentei entrar antes e [o nível da água] estava mais baixo. Botamos na casa dos vizinhos, mas [o nível da água] foi subindo a cada momento. Não dormimos e agora, para completar, eu tive que nadar para ver as coisas. Está tudo flutuando”, contou ele.
Após 48h de chuva, o pedreiro Jean Paulo improvisou uma espécie de canoa para retirar as pessoas das casas. “Eu dei 85 voltas, desde as 4h, mas estamos aí. Já que nós perdemos o nosso lar, a gente não quer que as pessoas percam a vida. O restante a gente conquista aos poucos. Tem pessoas ilhadas, e são muitas, não são poucas. Precisamos de muito apoio”, pontuou ele.
Chove em Vitória da Conquista nesta segunda, e o Rio Periquito, que corta a região da Serra do Marçal, transbordou. A previsão é de que o tempo instável siga na cidade até a quinta-feira (30).