“A informação é de que esses números já existem e [temos] a necessidade de serem informados”, afirma o vice-presidente eleito e chefe do governo de transição
O vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição do governo Lula, Geraldo Alckmin, cobrou na última segunda-feira (14) do governo federal os relatórios sobre o desmatamento da Amazônia e do Cerrado, que são divulgados todos os anos pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).
“Solicitamos que os relatórios completos dos dados do Prodes Amazônia e do Prodes Cerrado do período de agosto de 2021 a julho de 2022 sejam enviados para que possamos analisar as informações que trazem e tomar as medidas necessárias”, disse Alckmin durante o anúncio de novos nomes da equipe de transição, em São Paulo.
“A informação é de que esses números já existem e [temos] a necessidade de serem informados”, completou o vice-presidente eleito.
O Prodes é um dos sistemas via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) usado para monitorar e calcular as áreas de desmatamento na Amazônia Legal. É considerado o mais preciso para medir as taxas anuais de desmatamento.
No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro (PL) esperou o fim da 26º Conferência do Clima da ONU, a COP26, para divulgar o relatório, que apontou o maior desmatamento em 15 anos na Amazônia. O documento, no entanto, estava pronto antes da conferência do clima começar.
O pedido acontece no dia em que Lula viajou para participar da COP27, que acontece no Egito desde o dia 1º de novembro.
Até o momento, o governo federal ainda não divulgou o relatório do Prodes de 2022 sobre o desmatamento na Amazônia no último ano.
No ano passado, o relatório do Prodes sobre o desmatamento da Amazônia, entre 2020 e 2021, foi finalizado em 27 de outubro de 2021, dias antes do início da COP26.
Mas os números só se tornaram públicos no dia 18 de novembro, cinco dias depois do término do evento. Os dados apontaram uma alta de 22% no desmatamento da Amazônia.
Os ambientalistas acusam o governo Bolsonaro de esconder os dados por causa da conferência do clima que, entre outros assuntos, discute medidas para preservar os biomas e combater o desmatamento. Na época, entidades e ambientalistas alegaram que jornalistas e outros participantes da conferência chegaram a pedir o relatório do Prodes durante a COP26, mas não tiveram resposta do governo federal.
O Inpe conta com dois sistemas via satélite para monitorar e calcular as áreas de desmatamento na Amazônia Legal: o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e o Prodes. Tais sistemas utilizam imagens de satélites internacionais que observam a Terra.
O Prodes foi criado em 1988 para realizar um inventário anual de perda de floresta amazônica. Ele utiliza imagens de três satélites, o Landsat-8 (da Nasa), o Sentinel-2 (da União Europeia) e o Cbers-4 (do Inpe, em parceria com a China).
Assim, o Prodes e o Deter monitoram via satélite a mesma região, a Amazônia Legal, e têm funções complementares, com o objetivo de produzir dados sobre as florestas o ano todo.