
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (10) que o Brasil “não é um problema” para os Estados Unidos.
Ele garantiu ser possível buscar uma boa relação comercial entre os países, apesar das tarifas impostas recentemente por Donald Trump.
“No caso do Brasil, há superávit comercial na balança de bens e de serviços. Então, o Brasil não é problema”, disse Alckmin, em entrevista ao Jornal da CBN.
O vice-presidente afirmou que os norte-americanos exportam mais para o Brasil do que importam, diferentemente do que acontece com outros países do mundo. Segundo Alckmin, conversas com representantes dos Estados Unidos levaram à criação de um grupo de trabalho para “cooperação econômica” entre os dois países.
“O comércio exterior tem que ser um ganha-ganha. Se eu sou mais competitivo em uma área, vendo para você. Se você é mais competitivo, vende para mim”, afirmou o vice do Brasil.
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump abriu uma guerra comercial com inúmeros decretos contra parceiros comerciais.
Citando nominalmente o Brasil, a Casa Branca destacou que o país cobra 18% de tarifas para o etanol dos EUA, mas taxam o produto nacional em apenas 2,5%. Alckmin corrige as afirmações de Trump. “Mais de 70% das importações dos EUA para o Brasil têm alíquota zero”, diz o ministro.
Ele reconheceu que a alíquota de importação sobre o etanol é maior, mas ressaltou que “o imposto norte-americano sobre o açúcar é mais alto”. “É preciso ver o conjunto”, afirmou Alckmin ao citar uma tarifa efetiva média de 2,7% na relação comercial entre os países.
Os EUA importaram US$ 200 milhões em etanol do Brasil em 2024, mas exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil, diz a Casa Branca, em nota. “Eu defendo sempre o diálogo. Essa é a nossa disposição colocada para o secretário Howard Lutnick, que negocia em nome do presidente [Donald Trump]”, destacou Geraldo Alckmin.
Alckmin defendeu relações de “Estado” entre as nações durante as negociações. “O Brasil comemora 200 anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos. Nós temos mais de 4.000 empresas americanas no Brasil, crescendo e gerando emprego”, disse ao ser questionado sobre os recuos de Trump. “Os governos passam, mas as relações devem ser de Estado”, completou.