Vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio diz que “temos confiança de que isso é transitório, a tendência dos juros é cair”
“Os juros estão altos, mas tenho confiança de que vão cair. Não há razão para você ter a segunda maior taxa de juros [reais] do mundo. O primeiro é a Rússia que está em guerra. Segunda maior taxa de juros do mundo, não tem razão disso. Temos confiança de que isso é transitório, a tendência dos juros é cair”, reforçou o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), em evento no Sebrae, nesta terça-feira (9).
Na última semana de junho, o Comitê de Política do Banco Central (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, de forma unânime, paralisar os cortes na taxa básica de juros (Selic), estacionando-a nos estratosféricos 10,5%.
Com a Selic mantida em 10,5%, a taxa de juros real (descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses, que é de 3,6%) fica em 6,64%. Essa é a segunda taxa de juro real do mundo.
Em entrevista após o evento, Alckmin também comentou a cotação do dólar e a manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano. Para o presidente em exercício, ambas tendem a cair.
Alckmin disse que o “mercado é estressado” e que não há razão para a cotação do dólar ante o real ter disparado.
“Acredito que vai cair mais. A tendência é que caia mais. É que o mercado é estressado. Não tem nenhuma razão para ter ido no patamar que foi. A tendência é que ele caia”, declarou o presidente em exercício.
SOBRE DIVERGÊNCIAS COM MILEI
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou, ainda, nesta terça-feira, que as divergências entre os governos de Brasil e Argentina não afetam as relações comerciais entre ambos os países.
“São relações de Estado. O mau gosto do Milei é assunto dele. Temos que fortalecer as relações de Estado”, afirmou Alckmin, que está no exercício da Presidência.
Alckmin deu a declaração ao ser questionado sobre as divergências entre o presidente Lula e o presidente argentino Javier Milei. Lula cumpre agenda internacional. E nesta terça-feira está na Bolívia.
Lula participa de Cúpula do Mercosul e critica as “experiências ultraliberais” na região.
OPOSTOS
Os dois presidentes, que nunca tiveram reunião bilateral, estão em campos ideológicos opostos e trocaram declarações ásperas desde o ano passado, quando Milei foi eleito, ao derrotar o então presidente Alberto Fernández, apoiado por Lula.
Milei, por sua vez, é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem esteve no último fim de semana, em Santa Catarina.
Milei não participou da reunião de cúpula do Mercosul, realizada na segunda-feira (8), no Paraguai. Lula, que esteve no encontro, disse que a ausência do argentino foi “bobagem imensa”.
O presidente brasileiro também criticou o falso “nacionalismo” e o isolacionismo do presidente argentino e o resgate de “experiências ultraliberais que apenas agravaram desigualdades na nossa região”.
Reais ou não, países com dívidas superiores ao próprio PIB têm taxas de juros reais ou não inferiores ao Brasil. O país tá na mão de agiotas