O ministro quer que o diretor-geral apresente explicações sobre a substituição do diretor de investigação e combate ao crime organizado, Luís Flávio Zampronha
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes quer que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, apresente explicações sobre a substituição do diretor de investigação e combate ao crime organizado, Luís Flávio Zampronha.
A mudança foi efetivada depois que Nunes assumiu o comando da PF, em fevereiro. Zampronha foi substituído pelo delegado Caio Rodrigo Pellim, que era superintendente da PF no Ceará. Moraes deu dez dias para que Nunes se manifeste. A determinação do ministro acontece após um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para apurar suspeitas de interferência indevida de Bolsonaro na PF.
“Oficie-se ao Diretor-Geral da Polícia Federal, para manifestação quanto ao requerimento apresentado pelo Senador da República RANDOLFE RODRIGUES (eDoc. 316), no prazo de 10 (dez) dias”, diz o despacho do ministro.
O ministro Alexandre de Moraes havia determinado em 2020 que o comando da Polícia Federal mantivesse no posto os delegados que atuam em dois inquéritos dos quais ele é relator. Um deles investiga ataques e ameaças a ministros da Corte. O outro é o inquérito aberto para apurar a organização dos atos golpistas que pediram o fechamento do Congresso Nacional, do STF e a volta do AI-5 e da ditadura.
A intenção de Moraes era evitar qualquer tipo de interferência nos dois inquéritos, seja qual fosse o diretor-geral da PF ou o novo ministro da Justiça. O inquérito aberto no ano passado já identificou mais de uma dezena de perfis de redes sociais dedicados à disseminação de ataques a ministros do STF. Já o outro inquérito tem como suspeitos dois deputados federais, que teriam participado das organizações dos atos antidemocráticos.
Na semana passada, a Polícia Federal concluiu, em relatório enviado ao STF, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não cometeu crimes no caso das supostas interferências na corporação, por meio da nomeação e tentativas de mudanças de cargos no órgão.
Para a PF, falta “prova consistente” contra o chefe do Executivo. Isso depois de várias mudanças na direção-geral do órgão. Márcio Nunes de Oliveira já é o quarto diretor desde a posse de Bolsonaro.