
Para as famílias, a taxa média no crédito livre atingiu 57,4% a.a. e às empresas ficou em 35,8% a.a.
Acompanhando o crescimento dos juros abusivos cobrados pelos bancos, a inadimplência das operações de crédito no Brasil para pessoas físicas e jurídicas voltou a subir em abril, informou relatório Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC), divulgado na quinta-feira (29).
“No crédito livre, a inadimplência situou-se em 4,8% da carteira, com elevações de 0,3 p.p. no mês e em doze meses. A inadimplência no crédito livre às pessoas jurídicas e às pessoas físicas situou-se, respectivamente, em 3,1% e 5,9%, com incrementos mensais de 0,3 p.p. nos dois segmentos”, segundo o BC.
O movimento é reflexo do aumento das taxas de juros nas operações de crédito, que por sua vez acompanham a Selic (taxa básica de juros), atualmente em 14,75% ao ano. De acordo com o BC, a taxa média anual cobrada pelo sistema financeiro atingiu, em abril, 31,7% – um aumento de 0,6 ponto percentual ante o mês anterior e de 3,7 pontos em 12 meses.
A taxa cobrada das pessoas jurídicas subiu de 22,1% para 23,1% ao ano. Para as pessoas físicas, o crescimento foi de 0,5 ponto – chegando a 35,8% ao ano.
Nos recursos livres, a taxa média passou de 43,6% para 45,3% entre março e abril, e no caso dos recursos direcionados, houve recuo de 12,9% para 12,2% de um mês para o outro.
Apesar do cenário restritivo, o volume de novas concessões de crédito aumentou em abril – especialmente para as empresas. Na série dessazonalizada, o total de operações cresceu 3,1% no mês, com as concessões a pessoas jurídicas tendo crescido 12,5%, alcançando R$ 317 bilhões. Para pessoa física, o volume de crédito variou 0,4%, totalizando R$ 364,8 bilhões, informou o BC.
QUATRO EM CADA DEZ BRASILEIROS TÊM DÍVIDAS EM ATRASO
Sob juros altos e renda apertada frente ao elevado custos na cesta de alimentos, a inadimplência da população atingiu recorde histórico em abril.
Quatro em cada dez brasileiros estavam com dívidas em atraso, o que representa 70,29 milhões de pessoas nos cálculos da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil.
O setor bancário é concentra a maior parte das dívidas, com 66,95% do total. Em comparação com o ano passado, houve aumento de 12,41% de dívidas não pagas.
Quanto às empresas, segundo pesquisa da Serasa Experian, em março, o Brasil bateu novo recorde em inadimplência das empresas e chegou ao patamar de 7,3 milhões. Esse total concentra 31,9% dos negócios existentes no país, com as dívidas somando quase R$ 170 bilhões.