A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, rechaçou na segunda-feira (10) comentários de um dirigente da Nasa de que a China não estaria cumprindo seu dever de “agir com responsabilidade e transparência no espaço”. Ela denunciou os “dois pesos e duas medidas” sobre a questão de queda de destroços de lançamentos de foguetes.
“Também quero dizer que alguns meios de comunicação americanos e algumas pessoas obviamente têm dois pesos e duas medidas nesta questão. Todos devemos lembrar que, em março deste ano, quando um foguete nos Estados Unidos caiu em uma fazenda, a mídia americana usou palavras românticas como ‘estrelas cadentes para iluminar o céu noturno’ e ‘show de luzes deslumbrantes’”, afirmou Hua.
No final de março, um pedaço de um foguete SpaceX Falcon 9 caiu na fazenda de um homem no estado de Washington, causando uma “depressão de dez centímetros no solo”.
Por sua vez, o jornal chinês Global Times denunciou o alvoroço da mídia norte-americana e até mesmo da Nasa sobre a “queda descontrolada” dos restos de um foguete chinês como uma ação cínica e voltada a criar descrédito sobre o progresso do programa espacial chinês, em um momento em que o país asiático começa a construir sua estação espacial e demonstrou na Lua e em Marte seus enormes avanços no setor.
Desmoralizando tal frenesi, os restos do foguete Longa Marcha-5B Y2 da China amerrissaram no Oceano Índico às 10h24, horário de Pequim, a oeste do arquipélago das Maldivas.
Uma charge enfatizou essa hipocrisia e “dois pesos”: a queda de um estágio do foguete chinês no meio do oceano é apresentada como “fora de controle” e “ameaça”, enquanto que quando um foguete norte-americano (o Space X) cai em uma fazenda do estado de Washington – o que aconteceu em março -, a mesma mídia vê nisso um “show de luzes”.
Não é preciso de muito tirocínio para conceber que a queda na fazenda norte-americana esteve muito mais perto de causar um eventual estrago do que a amerrissagem do estágio de foguete chinês no Oceano Índico.
Trata-se de um “exagero desavergonhado”, disse o GT sobre o alarido de parte dos norte-americanos, como se por ser chinês houvesse “maior probabilidade de atingir áreas densamente povoadas” do que se fosse um destroço de foguete norte-americano.
Qualquer que seja a procedência, a maior parte de um estágio de foguete usado em um lançamento simplesmente queima na reentrada, tornando extremamente improvável que haja danos às instalações terrestres. Além disso, o oceano cobre mais de 70% da superfície da Terra e existem muitas áreas desabitadas na terra.
“Durante os quase 60 anos de atividades espaciais, a queda calculada de destroços de foguetes não causou vítimas até agora. Além disso, os riscos de queda de destroços de foguetes são os mesmos, não importa de quem seja”, enfatizou o GT.
OBSTRUÇÃO
Como o jornal chinês registrou, existe um inconformismo em círculos do establishment norte-americano diante do rápido progresso da China na tecnologia espacial e em outras áreas do conhecimento e a campanha de difamação visa “obstruir e interferir nos futuros lançamentos intensivos da China para a construção de sua estação espacial” – além de expressar a visível perda da capacidade de concorrência dos norte-americanos nas tecnologias de ponta.
Embora isso não seja muito conhecido, foi o veto de Washington à participação na Estação Internacional Orbital (ISS) na década de 1990 que forçou Pequim a buscar desenvolver sua própria estação espacial. Agora, a ISS está chegando ao limite do seu prazo de validade e a China dominou a tecnologia para ter sua estação espacial sem depender de ninguém.
O jornal previu que, apesar de Washington ainda controlar alguns dos “alto-falantes” mais altos do mundo, e de toda a lama que irá lançar, o programa espacial chinês não será detido.
A China – reiterou o GT – não tem obrigação de agradar a opinião pública dos Estados Unidos e de outros países ocidentais no campo espacial, nem em outras áreas, acrescentando que as ações de Pequim “estão de acordo com as regras internacionais e seus direitos”.
O jornal conclui aconselhando “o desprezo” diante dessa “importunação incessante”. “Os futuros lançamentos de Pequim para a construção da estação espacial não podem ser adiados. Outros lançamentos precisam ser realizados conforme planejado”.