
A mídia do establishment resolveu dar uma variada e, agora que Trump já fala com Putin oficialmente, descobriu quem é a infiltrada do Kremlin nos States. O perigo tem nome e sobrenome, Maria Butina, asseverou o New York Times, e anda tentando subverter até mesmo a Associação Nacional do Rifle (NRA), quando não está servindo de tradutora para autoridades russas a convite nos EUA, e outras ameaças diretas à democracia e à terra dos bravos e do faroeste, a América.
Pior: é ruiva, ou seja, muito, muito perigosa. Vista por outra ângulo, parece não ser muito brilhante. É o que se depreende da alegação, do Departamento de Justiça norte-americano, de que encontrou um texto manuscrito com orientações sobre como pedir emprego na FSB, a agência russa de espionagem. Como registrou um blog, deve ser a única agência de espionagem do mundo que só emprega idiotas, e ainda orienta os candidatos a deixarem por escritos provas que os incriminem e que possam ser achadas por qualquer outro idiota.
Resumindo o macartismo 2.0: você conhece, ou conheceu algum comunista? Perdão, estamos no século XXI, então é “você conhece, ou conheceu, algum russo?” O que, você é russo? Cruz credo! As Hillaretes batem desse jeito, e os republicanos revidam, sempre lembrando que a coisa começou já com o Obama, o que sempre tem um fundo de verdade.
Em 2015, ela serviu de tradutora para o vice-presidente do Banco Central russo, Alexander Torshin, que veio a Washington a convite de uma entidade norte-americana voltada para ampliar os laços entre Wall Street e Moscou, o National Interest Center (NIC). Ele também foi recebido pelo vice-presidente do Fed, e ex-presidente do BC de Israel, o americano-israelense Stanley Fischer, e pelo subsecretário do Tesouro, Nathan Sheets. Agora Butina está sendo acusada de, como tradutora de Torshin, de ter ilicitamente “defendido os interesses da Federação Russa”, assim como o “funcionário russo”.
Dificilmente a própria Butina teria muito a esclarecer quanto ao que estava em debate, no caso, as repercussões sobre a economia russa das sanções de Obama decretadas um ano antes. Mas o vice do BC russo, que interesses deveria ele defender? Os do Vaticano? Os do Goldman Sachs? Os da Fundação Clinton?
E não seria o caso de que seriam os especuladores americanos que estivessem interessados em quebrar a banca do cassino, utilizando oficiosamente informações do banqueiro russo? Na NIC, houve uma reunião sobre a “situação do mercado financeiro” na Rússia, cujo cicerone era um ex-executivo da AIG, aquela seguradora que Obama salvou da bancarrota, Maurice ‘Hank’ Greenberg. Na diretoria da NIC, está um ex-presidente da NRA.
No ano passado, Torshin foi posto por Trump numa lista de dirigentes russos sancionados. Uma das principais acusações contra Butina é que ela estava tentando se infiltrar na NRA, o Cartel do Rifle que é muito popular entre a população que é morta nos episódios de massacre à americana, em geral em escolas ou discotecas. Realmente, é muito risco junto: ruiva, sussurrando em russo e ainda armada de rifle.Um Kalashnikov, quem sabe?
A.P.