Disse que é “irresponsabilidade” seguir com as eleições como elas estão programadas. “Não podemos fazer eleições com essas suspeições”, acrescentou. A “suspeita” que ele apontou na entrevista é de que ele vai perder
Jair Bolsonaro dá sinais de que está cada vez mais nervoso com a proximidade de seu julgamento pelas urnas. Nesta terça-feira (7), em entrevista ao SBT, ele voltou a insinuar que não vai aceitar o resultado das eleições de outubro. “Não podemos fazer eleições com essas suspeições”, disse ele, em confronto com TSE, que já afirmou que está tudo pronto para o pleito.
A que “suspeições” o golpista se refere? Certamente, as de que ele vai perder. E se isso ocorrer, como tudo indica, ele já diz, desde agora, que roubaram o pleito, que não valeu, etc, etc. Esse é o plano.
“Se esse sistema eleitoral nosso é tão bom, te pergunto: Japão, Coreia do Sul, França, Inglaterra usam? Não. Só Brasil, Bangladesh e Butão. Tem algo esquisito lá dentro”, acusou. Ele repete uma mentira que já foi desmentida diversas vezes pelo TSE. Segundo o Tribunal, 23 países usam urnas totalmente eletrônicas, enquanto outros 18 as disponibilizam nos pleitos regionais.
Mas, Bolsonaro não tem compromisso nenhum com a verdade. “Eles sabem do meu potencial e do que o povo está pensando. Queremos ter eleições limpas. Dá tempo ainda de ter eleições limpas”, ameaçou o provocador. E, espelhando-se nos lunáticos que invadiram o Capitólio em 2020 – hoje vários deles presos – voltou ameaçar: “Não se pode ter desconfianças, o que permitiria ao lado perdedor ficar revoltado com o processo eleitoral.”
O irresponsável seguiu mentindo aos telespectadores do SBT. Disse que o TSE não deu as respostas que ele queria. “São necessárias discussões mais aprofundadas entre o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e as Forças Armadas, a Polícia Federal, a AGU (Advocacia Geral da União) e a CGU (Controladoria Geral da União)”, afirmou. Para ele, seria “irresponsabilidade” seguir com as eleições sem isso. Irresponsável é dizer essas mentiras sobre os ministros do TSE, que cansaram de responder, diversas vezes, a todas as dúvidas, de todas as instituições que procuraram a Corte.
E para deixar bem claro que seu objetivo não é outro senão provocar e tumultuar a democracia, Bolsonaro afirmou que os ministros do STF Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin são parciais e querem “botar a esquerda no poder novamente”. Ele também voltou a afirmar que Fachin, atual presidente do TSE, deveria se declarar suspeito. Ou seja, ele só aceitará o resultado se for favorável a ele. Se perder, prepara desde já o terreno para a confusão.
Disse ainda que depois de sua tentativa frustrada de golpe no 7 de Setembro teria acertado “coisas” com Moraes que, segundo ele, “o ministro não cumpriu nenhum dos itens combinados.” “Logicamente não gravei essa conversa por questão de ética, jamais faria isso, mas digo que o senhor Moraes não cumpriu uma só das coisas que acertamos naquele momento”, acrescentou. Na ocasião, depois do golpe fracassado, ele saiu de fininho e foi pedir socorro a Michel Temer.
“Combinamos para diminuir pressão nessa perseguição que ele faz até hoje em cima de pessoas que me apoiam, como em cima do deputado Francischini, que de forma sem justificativa cassaram o mandato dele”. Bolsonaro disse ainda que a opinião dele é “exatamente igual” à do congressista. Francischini foi cassado pelo TSE por ameaçar a democracia e disseminar mentiras sobre as urnas eletrônicas. Moraes e os demais ministros das duas Cortes apenas cumpriram suas obrigações. Por isso o deputado foi cassado.