Um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apontou que a falta de energia, que já dura 90 horas em grande parte da cidade de São Paulo, está gerando prejuízos significativos aos setores de varejo e serviços. As perdas já somam cerca de R$ 1,65 bilhão, sendo R$ 1,1 bilhão no setor de serviços e R$ 536 milhões no varejo. A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira (14).
“Muitas empresas, como mercados, restaurantes, farmácias e lojas, estão enfrentando perdas diárias pela falta de luz, além de serviços que ficam impossibilitados de operar devido à ausência de energia e de acesso à Internet”, afirmou a FecomercioSP.
Os cálculos consideram o faturamento não registrado pelas empresas no período. A entidade acredita que os números podem ser subestimados, uma vez que a Enel, responsável pela distribuição de energia, ainda não deu respostas concretas sobre o restabelecimento total do serviço. A FecomercioSP, em articulação com autoridades e órgãos como a Aneel e a Prefeitura de São Paulo, tem pressionado a concessionária para uma solução rápida.
A entidade criticou a recorrência de apagões na cidade e destacou o impacto para o setor empresarial: “É inaceitável que a maior metrópole do Brasil sofra com constantes cortes de energia”. Muitos estabelecimentos, para minimizar os prejuízos, tiveram que alugar geradores, contratar mão de obra extra e adquirir combustíveis para manter operações mínimas.
A Enel Distribuição SP informou que 250 mil imóveis na Grande São Paulo ainda estavam sem energia até as 6h de terça-feira (15). Aplicando-se a média de três pessoas por imóvel, estima-se que cerca de 750 mil pessoas estejam sem fornecimento de eletricidade. Segundo a Prefeitura de São Paulo, 386 ocorrências de quedas de árvores foram registradas até segunda-feira, e 49 delas ainda aguardam a ação da Enel para que as equipes municipais possam intervir.
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) anunciou que entrará com uma ação judicial contra a Enel. O Ministério de Minas e Energia também abriu um processo que pode resultar na perda da concessão da empresa. Enquanto isso, moradores de São Paulo e da Grande São Paulo, como em São Bernardo do Campo, protestaram bloqueando ruas em razão da falta de energia e água.
Para acelerar o restabelecimento do serviço, o governo federal criou uma força-tarefa com equipes de outras concessionárias de energia do país. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou que o número de profissionais atuando na recuperação do fornecimento passará de 1.400 para 2.900, além de mais de 200 caminhões sendo utilizados no suporte às operações.
A crise provocada pela Enel reacendeu debates sobre a privatização de setores essenciais. Críticos apontam que o apagão expõe as falhas da gestão privada em áreas estratégicas para a população e a economia do país.