Milhares dos moradores afetados pelo apagão da última segunda-feira (18), na região central de São Paulo, permanecem sem energia elétrica na tarde desta terça-feira (19). Entre os principais bairros afetados, estão Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.
O apagão foi registrado a partir das 10h30 de segunda e, com isso, parte dos endereços já está há mais de 30 horas sem luz. A Enel Distribuição São Paulo, concessionária privada responsável pelo abastecimento de energia, não informou o total de moradores afetados. No entanto, segundo o Ministério de Minas e Energia, a falta de energia ainda atinge 35 mil pessoas.
Este é o terceiro apagão da Enel em um intervalo de quatro dias. Na última sexta-feira (15), o Aeroporto de Congonhas ficou sem energia, o que causou o atraso de voos em todo o país.
Já no sábado, um novo blecaute. Desta vez na Rua 25 de Março. O maior centro de comércio popular da América Latina não funcionou por um dia inteiro.
Em comunicado enviado por e-mail aos consumidores, a Enel não deu uma previsão de retorno do fornecimento, apenas informou que os reparos são “complexos”.
“Sabemos que você está sem energia e isso se deve a uma ocorrência na rede subterrânea que atende a região Central da cidade de São Paulo, ocasionando assim a interrupção do fornecimento. Os reparos são complexos e nossos técnicos estão trabalhando para restabelecer a energia o mais rápido possível”.
HOSPITAIS SEM ENERGIA
Hospitais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, no bairro de Santa Cecília, ficou quase 24 horas sem energia elétrica e precisou utilizar geradores para manter em funcionamento as áreas de internação e emergência. Atendimentos ambulatoriais e exames foram adiados. A instituição informou que apenas na manhã de hoje teve a energia religada.
O Hospital Santa Isabel, da Rede D’Or, também precisou da ajuda de geradores para manter o centro médico em funcionamento. Pacientes que precisaram fazer tomografias e ressonâncias tiveram de ser remanejados para outras unidades. A energia só foi restabelecida no local hoje às 10h.
A OMA, empresa que administra condomínios na região da Bela Vista, encaminhou na tarde de hoje informe aos moradores pedindo para que façam economia de água, já que, sem o funcionamento das bombas elétricas, os reservatórios estão com nível baixo. No bairro, a energia ainda não havia retornado em sua totalidade até as 17h de hoje.
O Procon-SP notificou a concessionária Enel Eletropaulo, para que envie informações detalhadas sobre as diversas interrupções no fornecimento de energia elétrica que vêm ocorrendo na capital paulista desde a última sexta-feira (15), quando o aeroporto de Congonhas precisou interromper suas operações. No sábado (16), a falta de energia foi relatada na região da Rua 25 de Março durante a manhã.
MINISTÉRIO CONVOCA ENEL
Em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que oficiou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinando “célere e rígida apuração dos fatos, bem como responsabilização e punição rigorosa da concessionária, que tem de forma reiterada apresentado problemas na qualidade da prestação dos serviços”.
Silveira convocou o presidente da concessionária à sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília, para que preste esclarecimentos. “A interrupção nesta segunda-feira se soma a diversas outras falhas na prestação dos serviços de energia elétrica pela concessionária Enel, que tem demonstrado incapacidade de prestação dos serviços de qualidade à população”. “É urgente a comprovação de que a empresa seja capaz de continuar atuando em suas concessões no Brasil”, disse na nota.
Em nota, a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) disse que a concessão da Enel é federal e que cabe à Aneel a fiscalização.
ENEL TENTA CULPAR SABESP
Tamanha a desfaçatez da Enel, que a empresa privada tentou responsabilizar a Sabesp pelo apagão por uma escavação que teria atingido a fiação elétrica subterrânea acidentalmente.
A Sabesp desmentiu a Enel e negou ter responsabilidade com o apagão. A estatal afirmou que, assim que soube do problema, “mobilizou imediatamente equipes para o local que não identificaram relação do trabalho da Sabesp com o ocorrido”.
“Antes de iniciar a obra, como é de praxe, a Sabesp fez uma sondagem de todas as redes que passam no local. Por este motivo, a escavação no local foi feita manualmente, a partir das 11h, sem movimentação na fiação”, acrescentou a companhia de água.
“A Sabesp segue em contato e se colocou à disposição da Enel para ajudar na identificação da real causa do problema”, complementou a empresa