
O Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, confirmou em ofício três visitas do contador João Muniz Leite a Glaucos da Costamarques, laranja que comprou, a mando de seu primo, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, o apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo. As visitas ocorreram entre novembro e dezembro de 2015. Duas visitas foram no mesmo dia.
Costamarques disse, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que não recebeu os aluguéis referentes ao apartamento entre 2011 e 2015. Ele afirmou que só passou a receber os aluguéis em 2015, depois da prisão do primo José Carlos Bumlai. O apartamento, segundo a acusação, seria, na verdade, de Lula e teria sido comprado por Glaucos da Costamarques com propina da Odebrecht, obtida por meio de contratos com a Petrobrás. Glaucos recebeu R$ 800 mil de uma subempreiteira da Odebrecht, a DAG Engenharia, simplesmente para intermediar um terreno que seria usado para construir o Instituto Lula. Glaucos comprou o apartamento em São Bernardo por R$ 504 mil.
O empresário afirma que só passou a receber os aluguéis do apartamento ao final de 2015. A defesa de Lula desmente e enviou à Justiça 26 cópias de recibos de aluguel com o objetivo de tentar comprovar os pagamentos. Diante do imbróglio, Moro pediu os recibos originais. A defesa de Lula diz agora que tem os originais, apesar de não tê-los apresentado ainda ao juízo. Costamarques diz que todos os recibos de 2015 foram assinados no mesmo dia, quando estava internado. Segundo ele, após uma visita de Roberto Teixeira, advogado e amigo do ex-presidente, o contador João Leite teria ido ao hospital recolher suas assinaturas.
A defesa de Lula afirma agora ter “vias originais de todos os documentos já apresentados, além de outros 6 recibos de 2011 que também foram localizados, que serão apresentados para possam, se o caso, serem submetidos à perícia”. Diante da clara tentativa de criar uma farsa com os recibos, já que Glaucos desmente que tenha recebido, e por não haver provas de movimentação financeira correspondente aos pagamentos, a força-tarefa da Operação Lava Jato abriu uma investigação por meio de incidente de falsidade sobre os recibos de aluguel do apartamento.