A reforma da Previdência de Bolsonaro e Paulo Guedes é tão desastrosa para o desempenho econômico do país que mesmo economistas neoliberais estão tendo dificuldades para defendê-la. É o caso de Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES, e egresso da Universidade de Chicago, assim como Paulo Guedes.
Ele preparou relatório para distribuir na Comissão Especial da Previdência com duras críticas à proposta do governo. Em seu cálculo, segundo o Painel da Folha, ele diz que um trabalhador com carteira assinada que recebe um salário mínimo já paga ao INSS ao longo da vida mais do que recebe. Segundo seus cálculos, com as mudanças, o valor da contribuição vai dobrar.
Rabello de Castro já vem desde a década de 80 fazendo coro com os que defendem mudanças na Previdência Social brasileira. Um de seus argumentos em favor de mudar o sistema de repartição adotado no Brasil era de que o trabalhador não receberia de volta o que contribuiu. Com a proposta de Guedes, ele acha que essa perda do trabalhador vai ficar maior ainda.
O sistema de capitalização, defendido pelo chicago-boy Guedes, não deu certo em lugar nenhum. O Chile, que é citado por ele como exemplo, é emblemático da falência deste modelo. Lá os aposentados e trabalhadores estão nas ruas exigindo o fim do sistema.
O índice de suicídio entre os aposentados chilenos explodiu depois que a capitalização foi implantada. Houve uma redução drástica dos rendimentos dos aposentados do país vizinho. (Leia mais: Sem previdência pública, Chile tem suicídio recorde entre idosos com mais de 80 anos)
A redução da renda dos aposentados no Brasil com o sistema proposto pelo governo, que agora preocupa até economistas como Rabello, é tão grave que Maria Lúcia Fatorelli e o presidente da Comissão Especial da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), advertiram, recentemente, que, se a proposta do governo for aprovada, “o Brasil vai quebrar”. (Leia mais: ‘Capitalização é cheque em branco que a Câmara não deve dar’, diz Marcelo Ramos)
A redução do mercado interno, que seria agravada com a queda de renda dos aposentados, é tão lesiva aos país que economistas de todos os perfis, inclusive neoliberais como Rabello, estão preocupados.
Os trabalhadores já perceberam que sairão perdendo muito com a proposta do governo e estão se mobilizando para derrotá-la. Uma greve geral está marcada para o próximo dia 14 de junho.