De acordo com pesquisa de mercado divulgada pela Agência Reuters, a zona do euro permaneceu abaixo da linha que separa crescimento da contração econômica, com queda na atividade fabril, se contraindo pelo segundo mês consecutivo em dezembro, já que uma recuperação modesta no setor de serviços não conseguiu compensar uma desaceleração mais profunda na atividade industrial.
Mesmo atingindo a marca de 49,6 em dezembro em comparação com 48,3 em novembro – um pouco acima da estimativa preliminar de 49,5, porém ainda abaixo da marca de 50 que separa o crescimento da contração -, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) do Banco Comercial de Hamburgo (HCOB, na sigla em inglês), compilado pela S&P Global, que é referência na economia da União Europeia, demonstrou que a atividade econômica foi impulsionada predominantemente pelo setor de serviços, não justificando uma expectativa de intensa atividade do setor em 2025.
Em dezembro, o Banco Central Europeu (BCE), reiterou que a inflação de serviços ainda está muito alta, mas, visando uma maior flexibilização da taxa básica, cortou as taxas de juros pela quarta vez em dezembro, ante a instabilidade política no bloco e a ameaça de guerra comercial dos EUA.
TRUMP AMEAÇA IMPOR TARIFAS DE 10% AOS PRODUTOS EUROPEUS
A revisão deve-se ao eventual aumento da disputa comercial, caso os exportadores enfrentem tarifas mais elevadas dos Estados Unidos. O presidente eleito Donald Trump ameaçou impor tarifas de 10% sobre produtos europeus importados pelos EUA, para, segundo ele, proteger os fabricantes norte-americanos e os empregos na sua indústria.
Contudo, o economista-chefe do HCOB, Cyrus de la Rubia, afirmou à mídia que “os provedores de serviços podem se considerar sortudos por, diferentemente dos fabricantes, não serem afetados diretamente pela ameaça de tarifas dos EUA”.
Tal como aconteceu em novembro, as três grandes economias da zona do euro (Alemanha, França e Itália) registraram reduções na atividade comercial no último mês de 2024. A França foi o país com pior resultado, seguida da Alemanha, enquanto a Itália registrou apenas um declínio “marginal” na atividade total. Pelo contrário, Espanha e Irlanda opuseram-se à tendência de contração.
As empresas da zona euro também receberam “pouco apoio” dos seus clientes nos mercados de exportação, uma vez que a procura de clientes não domésticos diminuiu, prolongando a atual sequência de declínio que dura há quase três anos.
QUEDA DO EMPREGO FOI A MAIOR EM 4 ANOS
Consequentemente, o emprego na região caiu em dezembro à medida que as empresas reduziram a sua capacidade de trabalho. Na verdade, o HCOB destaca que o ritmo de destruição de empregos foi conjuntamente o mais acentuado em quatro anos. Esta destruição de empregos foi mais uma vez impulsionada “exclusivamente” pelo setor industrial, uma vez que o aumento “fracionário e mais lento” da força de trabalho nas empresas de serviços não conseguiu compensar a redução de pessoal no setor industrial.
No que diz respeito à inflação, as pressões sobre os preços na zona euro aceleraram em dezembro. Os custos de insumos aumentaram no ritmo mais rápido desde julho de 2024 e de forma mais acentuada do que a média da pesquisa pré-pandemia. As fábricas da zona euro não registraram alterações nos gastos, enquanto as empresas de serviços registraram uma maior recuperação.
“A inflação de preços dos dois setores estudados em conjunto também acelerou e atingiu seu máximo em quatro meses. No entanto, os dados compostos ocultaram os descontos oferecidos pelos produtores, uma vez que preços mais agressivos no setor de serviços impulsionaram a inflação dos preços de venda em geral”, acrescentou o HCOB. .