Na última quarta-feira (18), ocorreu uma manifestação em defesa da paz na Faixa de Gaza, em Porto Alegre (RS), que contou com centenas de participantes. O ato superou a capacidade de público do auditório do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e muitas pessoas precisaram aguardar do lado de fora do auditório.
O “Ato pela paz! Dar voz à Palestina” foi promovido pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e contou com a mobilização dos partidos progressistas que atuam na capital gaúcha, além de sindicalistas e integrantes dos movimentos sociais.
“O povo da Palestina vive um processo de extermínio. Um processo de limpeza étnica continuada que nunca aconteceu na história humana, em que uma demografia originária inteira precisa ser faxinada etnicamente para que o outro grupo humano, importado, estrangeiro, que jamais teve qualquer vínculo com aquela terra, constitua, do nada, um novo Estado-Nação. Se este modelo triunfar, nos perguntamos: onde mais ele vai acontecer?”, disse Ualid Rabah, presidente da Fepal.
A mobilização contou com a participação de diversas lideranças políticas, entre elas a do ex-governador Olívio Dutra. “A causa palestina é a nossa causa. A luta do povo palestino nesse momento por paz, e não pela paz tumular, sobre cadáveres, é a nossa luta, uma paz que tem de significar o respeito pelo Estado Palestino. Porque nós também defendemos o Estado de Israel. Nós estivemos na assembleia que criou esses dois países com clareza de que eles tinham de ter autonomia, independência, soberania e que não poderia um se sobrepor ao outro”, disse Olívio.
O vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (PSOL) e pela deputada estadual Laura Sito (PT) dirigiram a mesa. O ato também contou com representantes do PCdoB, PDT, Rede Sustentabilidade e PSTU.
Por volta das 20h, os manifestantes deixaram o sindicato e deram início a uma caminhada pela Cidade Baixa.
Para Ualid Rabah, esse foi um dos mais importantes atos da história Palestina em Porto Alegre. “É possível que ele rivalize com os atos referentes a Sabra e Chatila, em 1982, e os atos relativos à primeira Intifada, que durou de 1987 a mais ou menos 1992/93. Então é uma restauração, uma recuperação da luta popular, da luta cidadã pela Palestina no Brasil, isso é fundamental”, avalia, em declaração ao portal Brasil de Fato.
Ainda, segundo ele, sem a opinião pública e ativa, é muito difícil sustentar uma luta contra a hegemonia dos grandes veículos de comunicação. “Nesse caso específico de agora, pela primeira vez um verdadeiro genocídio midiático, esse é o primeiro genocídio televisionado, e os veículos de comunicação desde o primeiro momento acentuaram um papel que eles não haviam promovido ainda, de demonizar, satanizar o povo palestino integralmente, para permitir que Israel tivesse licença pra matar, licença pra cometer esse genocídio de escala descomunal, que nós não havíamos visto ainda”, continuou.
Ualid Rabah chama a atenção ainda para um detalhe importante, que está acontecendo no mundo todo, que são as manifestações de apoio à Faixa da Gaza em diversas cidades do mundo. “Londres teve aquilo que provavelmente pode ter sido a maior concentração e manifestação da história da cidade, depois das manifestações pós-Segunda Guerra Mundial”, comenta.
O Rio Grande do Sul é o estado que mais concentra palestinos e descendentes no Brasil. Para a comunidade a situação é dramática, conforme Ualid Rabah, “porque há uma sensação de que Israel inaugura, reinaugura um processo de limpeza étnica”. Ele afirma que a matança apavora as pessoas, mas é mais grave “a sensação de que há um processo reinaugurado para repetir a grande limpeza étnica de 1947 a 51”.
“Isso também é um elemento novo, e como eu disse na minha manifestação, aquele mapa que o Netanyahu exibiu na ONU, na Assembleia Geral das Nações Unidas, da Palestina sem a Palestina, aquilo ali não é uma coisa à toa, na verdade é a exibição de um mapa que não terá a Palestina nem palestinos, é isso que nós estamos temendo”, afirma o presidente da Fepal.