Ministro falou em tentativas de orientar as Forças Armadas. A pasta da Defesa disse que “repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou neste domingo (24), durante participação por vídeoconferência em um seminário sobre o Brasil promovido pela universidade Hertie School, de Berlim, na Alemanha, que as Forças Armadas “estão sendo orientadas para atacar o processo eleitoral brasileiro e tentar desacreditá-lo”.
“Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?”, questionou Barroso.
“Todos nós assistimos repetidos movimentos para jogar as Forças Armadas no varejo da política. Isso seria uma tragédia para a democracia e para as Forças Armadas, que levaram três décadas para se recuperar do desprestígio do regime militar e se tornarem instituições respeitadas”, disse Barroso.
“Tenho uma expectativa de que elas não se deixem seduzir por esse esforço que eu vejo de jogá-las nesse universo, a fogueira das paixões políticas. Até agora, o profissionalismo e respeito à Constituição têm ocorrido, mas não deve passar despercebido que militares admirados foram afastados: general Santos Cruz, Fernando Azevedo, os três comandantes das Forças”, continuou o ministro.
Ele fez questão de apontar que desde a redemocratização do país, “se teve uma instituição de onde não veio notícia ruim e que teve um comportamento exemplar, foram as Forças Armadas”. Apesar de não citar o nome de quem esteve tentando “orientar” as Forças Armadas para atacar o processo eleitoral, há um censo comum de que se trata de Jair Bolsonaro, pelo seu histórico de ataques contra o atual modelo eleitoral brasileiro.
Em nota, o Ministério da Defesa repudiou a fala do ministro. A pasta disse que “repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas [as forças armadas] teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”.
“O Ministério da Defesa repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia. Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro”, diz o documento do ministério.