O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, rebateu os ataques de Gilmar Mendes ao MP e à Lava Jato. “Há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas, e nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações de que vale a pena fazer honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade”, ressaltou.
O ministro Gilmar Mendes se deu mal no embate com o seu colega Luís Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal (STF, na sessão de terça-feira (19). Barroso rebateu no plenário da Corte os ataques desferidos por Gilmar Mendes contra o trabalho do Ministério Público Federal no combate à corrupção, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato.
Gilmar atacou diretamente o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusou de irresponsabilidade nas investigações. O ministro, notável por sua compulsão em tirar criminosos de colarinho branco da cadeia, alegou que a denúncia contra Michel Temer era uma peça caótica, contraditória e mal feita.
“São diferentes visões da vida. Não acho que há uma investigação irresponsável”, rebateu Barroso. “Vivemos uma tragédia brasileira, a tragédia da corrupção que se espalhou de alto a baixo sem cerimônia”, acrescentou.
Barroso apontou os elementos de prova, anexados à denúncia para defender a Lava Jato. “Eu gostaria de dizer que eu ouvi o áudio ‘tem que manter isso aí, viu’. Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão. Eu li o depoimento de Youssef. Eu li o depoimento de Funaro”, disse.
“Há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas, e nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações de que vale a pena fazer honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade”, ressaltou o ministro.
A discussão entre Mendes e Barroso se deu durante o julgamento de pedidos de políticos do PMDB, acusados junto com Temer por organização criminosa, para não serem processados na vara de primeira instância conduzida pelo juiz Sérgio Moro após a Câmara barrar, em outubro, o prosseguimento da denúncia contra o presidente.