
Uma marcha com a participação de 7 mil pessoas, de acordo com os organizadores, tomou as ruas de Tel Aviv no sábado exigindo que a denominada “Lei Básica do Estado Nação” seja derrogada, uma vez que ela é excludente da população árabe e fortalice a segregação já predominante no país.
Com faixas declarando “Esta casa é de nós todos”, “Parem com a lei básica”, “Basta de Discriminação e Racismo” e ainda cartazes afirmando “Judeus e Árabes juntos contra o racismo”, a marcha lotou as avenidas centrais da maior cidade do país.
Tamar Zandberg, do partido Meretz, definiu a lei como “uma lei que só tem de básico o racismo. Uma lei na qual o apartheid fica exposto”.
JUDEUS REJEITAM
A rejeição à estúpida medida não se limitou a manifestações dos árabes e judeus progressistas, mas desta vez o que se viu foi a crítica se estendendo a setores de direção do próprio sionismo e tradicionais apoiadores de Israel, mostrando o ponto a que chegou o isolamento e degeneração dos que estão no governo israelense.
Até mesmo o presidente de Israel, Reuven Rivlin, que raramente se envolve nas disputas políticas (o governo israelense é parlamentarista e o presidente tem função representative), alertou que a lei vai “prejudicar os judeus em todo o mundo e no Estado de Israel”.
“O país vai ladeira abaixo rumo ao apartheid” alertou Rivlin.
O procurador-geral, Avichai Mandelblit, rejeitou o artigo da lei que torna legal e “valor nacional” os assentamentos exclusivamente judaicos propostos na lei racista. “esta lei pode expor Israel como país que viola a lei internacional.
O líder da organização judaica norte-americna, J Street, denunciou que a “lei é uma mensagem à comunidade árabe em Israel que seus integrantes não são e nunca serão cidadãos iguais”.
Jerry Silverman, presidente da Federação Judaica da América do Norte, viajou a Israel para discutir a lei e mesmo deixando claro sua postura de apoiador, alertou: “Quando estamos tentando apoiar Israel, estas coisas [como a lei nação Estado] são barreiras e nos criam difíceis desafios”.
O Comitê Judeu-Americano declarou-se “profundamente desapontado” e afirmou que a lei “coloca em risco o compromisso dos fundadores de Israel de construir um país tanto judeu e democrático”.
ÁRABES CONDENAM
O líder da Lista Conjunta que unifica os parlamentares árabes, Ayman Odeh, afirmou que a lei “declara que não nos querem aqui e que enquanto este Estado prevalecer seremos cidadãos de segunda categoria”.
Entre os árabes, destacamos as declarações grupo de advogados para os cidadãos árabes palestinos em Israel, Adalah, que afirma que a lei “cai dentro das absolutas proibições no contexto da legislação internacional e encarna características do apartheid”.
Além das declarações de judeus e árabes contra o racismo expresso na lei, também ergueu sua voz a embaixadora da União Europeia em Israel, Emanuelle Giaufret, alertando os parlamentares de que o status internacional de Israel poderia se ver ameaçado com a aprovação desta lei.
O secretário-geral da Organizção de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, declarou que se trata de uma “lei perigosa e racista que oficialmente legalisa o apartheid e define em lei o sistema de apartheid israelense”.