
O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso nesta sexta-feira (25) por obstrução à Justiça.
A prisão é preventiva, isto é, por tempo indeterminado. É a segunda vez que o tucano é preso. Também foi preso Dirceu Pupo Ferreira, contador da família Richa.
O juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, determinou a prisão porque Pupo, a mando de Beto Richa, tentou influenciar os depoimentos de testemunhas da investigação. Paulo Sérgio Ribeiro substituiu o juiz Sérgio Moro no caso.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Dirceu Pupo Ferreira pediu a um corretor de imóveis que ocultasse os pagamentos com dinheiro por fora caso fosse intimado a depor. Essa era uma tentativa de esconder o esquema de propina e lavagem de dinheiro.
“Tal elemento indica que CARLOS ALBERTO RICHA e DIRCEU PUPO FERREIRA atuaram de forma deliberada no sentido de influenciar o conteúdo dos depoimentos de testemunhas no contexto de complexa investigação envolvendo esquema de corrupção sistêmica e lavagem de dinheiro”, diz o juiz no seu despacho.
“Em face do exposto, reputo presentes indícios suficientes da autoria e materialidade de fatos criminosos narrados pelo MPF, que em análise superficial se enquadram nos tipos dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, e entendo necessária para a conveniência da instrução criminal a prisão preventiva dos investigados CARLOS ALBERTORICHA (“BETO RICHA”) e DIRCEU PUPO FERREIRA”, determina o juiz.
Os pedidos de prisões são um desdobramento da Operação Integração II – que foi a 55ª fase da Lava Jato. Conforme o MPF, Beto Richa se beneficiou com pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas pagas em espécie pelas concessionárias de pedágio do Paraná e por outras empresas que mantinham interesses em atos do governo.
Beto Richa foi preso no dia 11 de setembro, alvo de uma operação conjunta da Lava jato com o Gaeco (Grupo Especializado de Repressão ao Crime Organizado) do Paraná, decretada pela Justiça do Paraná, e da 53ª fase da Operação Lava Jato em Curitiba, intitulada Operação Piloto.
De acordo com o Ministério Público, Beto Richa recebeu propina da Odebrecht pelo contrato de concessão e duplicação da rodovia PR-323, com direcionamento licitatório. A propina foi mascarada como doação eleitoral. Com efeito, os pagamentos alvos desta operação foram realizados em 2014, embora há registros de pagamentos em 2008 e 2010. Os crimes investigados são de corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.
Conforme a delação dos executivos da Odebrecht foram acertados pagamentos de R$ 4 milhões da empreiteira para Richa.
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