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Líder do governo no senado, Randolfe Rodrigues, matou a charada. “Eles querem impedir que as investigações e punições dos terroristas, comandadas pela Justiça, prossigam”, afirmou o senador
O líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues foi certeiro ao apontar os verdadeiros motivos da insistência dos bolsonaristas em instalar uma CPI sobre o dia 8 de janeiro. “Eles querem impedir que as investigações e punições dos terroristas, comandadas com sucesso pela Justiça, prossigam”, afirmou o senador. “A Polícia Federal está investigando e a Justiça punindo. Eles querem parar isso”, acrescentou Rendolfe.
Um grupo de bolsonaristas fez, nesta terça-feira (28), um ato para cobrar a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de apurar as invasões aos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro. Seu alvo não são os terroristas que quebraram tudo, mas, sim, as autoridades do governo. Eles acusam o governo de ser omisso e de cometer excessos nas prisões dos fascistas.
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Ainda por cima, sem nenhum senso de ridículo, inventaram que a culpa pelas invasões e depredações na Praça dos Três Poderes é do presidente Lula e do ministro Flávio Dino.
Os dizeres dos cartazes dos parlamentares pró-terroristas são elucidativos de seus reais objetivos. Eles chamam os terroristas que vandalizaram e depredaram as sedes dos Três Poderes e que feriram policiais e destruíram o patrimônio público de “inocentes e injustiçados”. Só faltou dizer que eles são heróis.
As suas baterias são apontadas para o Ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que, desde a tarde do dia 8 de janeiro, estão na cola dos criminosos e dos mandantes.
O ministro da Justiça comandou a intervenção federal na Segurança Pública do DF e o ministro do STF afastou o governador e decretou a prisão do Secretário de Segurança da Capital Federal, Anderson Torres, que havia se refugiado nos EUA, onde já estava Bolsonaro.
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Na casa do secretário, que antes fora ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, abandonando o cargo e deixando acéfala a segurança de Brasília no dia dos atentados, foi encontrada a minuta de um golpe de Estado. O documento previa a decretação de Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (STF). O plano era prender os ministros e alterar o resultado da eleição, dando a vitória para Bolsonaro, que havia sido derrotado nas urnas.
O objetivo dos golpista com o vandalismo do dia 8 foi claro. Criar o caos e tentar viabilizar uma intervenção militar. Como tudo deu errado, eles querem, agora, tirar o corpo fora e colocar a culpa pelos atentados, não nos terroristas que, em bandos ensandecidos, invadiram e destruíram o Congresso, o STF e o Planalto, mas nas autoridades que cumpriram com o seu dever e reprimiram os criminosos e os mandantes.
Criminosos esses que, com seus celulares produzindo selfs, criaram provas contra sim mesmos. Esses fascistas babões, que não deixaram nada de pé, são chamados, agora, pelos bolsonaristas da Câmara e Senado de “pobres inocentes”.
O pedido para instalação da CPMI foi protocolado na segunda-feira (27), após o grupo recolher 222 assinaturas (189 deputados e 33 senadores). De acordo com o regimento do Congresso Nacional, a CPMI deve ser instalada automaticamente, após atingir o número mínimo de assinaturas. No entanto, é preciso que a matéria seja lida em sessão do Congresso Nacional, que tem pauta definida pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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O deputado André Fernandes (PL-CE), autor do pedido, e um dos maiores defensores dos terroristas, afirmou, na terça-feira (28), que a CMPI servirá para investigar “todos os atos de ação e omissão do último 8 de janeiro”. Ele chama de “omissão”, o corpo mole feito pelos bolsonaristas infiltrados nas forças de segurança do DF. Além desses infiltrados, o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, é outro que foi preso por se omitir. O governador Ibaneis Rocha, também por omissão, foi afastado do cargo por noventa dias.
Mas, o deputado não aponta como investigados esses elementos envolvidos nos ataques. Ele acusa as autoridades que prenderam os terroristas e seus mentores. “Muito tem se questionado o porquê mais de mil pessoas foram presas um dia após o ocorrido na Praça dos Três Poderes e em outro lugar que sequer era a cena do crime. Qual é a situação dessas pessoas? Cadê a individualização da conduta?”, questionou.
De acordo com o parlamentar, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comunicou “com antecedência” sobre os prováveis ataques na Praça dos Três Poderes a 48 órgãos federais. “O que foi que o governo federal fez? Quais providências foram tomadas?”, perguntou o deputado. Ele diz que não foram tomadas providências mas, ao mesmo tempo, reclama das mais de mil prisões. Diz que a Abin avisou, mas esqueceu de dizer que o órgão que não cumpriu sua obrigação de proteger as sedes das instituições republicanas foi precisamente a Secretaria de Segurança Pública do DF, então sob o comando do bolsonarista Anderson Torres. A paralisação da ação dos terroristas só aconteceu depois que o governo federal interviu na Segurança Pública da Capital.
Não por outro motivo o Superior Tribunal Militar (STM) concordou que o Supremo Tribunal Federal (STF) investigue os militares que cometeram crimes no 8 de janeiro.
Outro que assinou o pedido de instalação da CPMI foi o senador Rogério Marinho (PL-RN), da oposição, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições para a Presidência do Senado. Marinho também saiu em defesa dos terroristas e disse que “há inocentes entre as pessoas detidas”. O senador propôs que apenas as pessoas identificadas nas imagens de câmeras de segurança dos três prédios atacados sejam mantidas presas. Ou seja, o parlamentar pretende, com essa atitude, na prática, poupar os organizadores e financiadores dos atentados terroristas do dia 8.