A situação de Bolsonaro fica cada vez pior diante das cobranças pelo seu descaso com o sofrimento das vítimas das chuvas, principalmente na Bahia, mas também em Minas Gerais, Goiás e Tocantins.
Após dias de chuvas castigando o sul da Bahia, no início do mês, ele resolveu sobrevoar a região por alguns minutos. E foi só.
Depois saiu de férias, foi se esbaldar, dançar funk, pescar e andar de jet ski nas praias de Praia Grande e Guarujá, em São Paulo, e depois em São Francisco do Sul, Santa Catarina. Enquanto isso, a destruição causada pelas chuvas só aumenta sem que o governo federal se mobilize para amenizar o sofrimento das pessoas. Apenas alguns ministros apareceram por lá com poucas medidas efetivas de apoio.
Na tentativa de se justificar, com o aumento avassalador das críticas à sua criminosa omissão, ele soltou uma desculpa esfarrapada e mentirosa, dizendo que haveria gasto do cartão corporativo caso fosse sobrevoar as regiões atingidas pelas enchentes.
Claro que ele não está preocupado com gastos do cartão corporativo coisa nenhuma. Se todos os gastos do governo feitos com cartão corporativo fossem feitos para ajudar vítimas das chuvas seriam bem-vindos. Mas não é o caso.
“Se eu vou, criticam. Se eu não vou, criticam”, disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo nas redes sociais, incomodado com as críticas. Ele acrescentou que tem “interagido” com o governo baiano desde que os temporais começaram.
Com se não bastasse ficar de braços cruzados, ele recusou uma oferta de ajuda humanitária do governo argentino para a Bahia. “Que ajuda é essa? Dez homens”, desdenhou.
No entanto, ele aceitou uma ajuda oferecida pelo Japão à Bahia. Segundo ele, o governo japonês enviou materiais como barracas de acampamento, colchonetes, cobertores, lonas plásticas, galões plásticos e purificadores de água. “Se a Argentina tiver outra coisa para oferecer, eu agradeço ao Alberto Fernández”, disse.
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, criticou o governo federal por não aceitar o apoio humanitário oferecido pela Argentina. De acordo com o ex-embaixador, foi um erro o governo não aceitar a ajuda.
“Não faz nenhum sentido. Ajuda não se recusa, se agradece. Foi um ato simbólico que deveria ser recebido como gesto de amizade, não de provocação”, disse.
Na opinião de Rubens Barbosa, o governo de Bolsonaro perdeu uma oportunidade de reaproximação diplomática com a Argentina. “Deveríamos ter aceitado principalmente pela separação que existe hoje entre os presidentes, que não se falam. Seriam poucas pessoas (enviadas pela Argentina). Não resolveria o problema, mas serviria para aproximar os países, que não têm tido uma relação boa nos últimos anos”, observou.