É a primeira vez que a liderança de Bolsonaro nas redes é ameaçada. A #BolsonaroVagabundo supera tags de apoio ao presidente
Jair Bolsonaro (PL) enfrenta queda brusca de popularidade em todas as redes sociais, meio em que já teve domínio absoluto, e já aparece empatado tecnicamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Twitter.
É o que aponta levantamento da DAPP (Diretoria de Análise de Políticas Públicas) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo.
A pesquisa analisou 82,2 milhões de interações nos perfis oficiais de Bolsonaro, Lula, Ciro (PDT), Marina Silva (Rede), João Doria (PSDB) e André Janones (Avante), em postagens entre os dias 1º de novembro e 19 de dezembro.
NÚMEROS
Segundo o monitoramento Modalmais/AP Exata, 53,5% avaliam a gestão bolsonarista como ruim ou péssima, 22,1% como boa ou ótima e 24,5% como regular. Estes dados estão vinculados à #BolsonaroVagabundo, que supera tags de apoio ao presidente.
Enquanto a Bahia vive tragédia humanitária em decorrência de fortes chuvas, o presidente da República curte férias no litoral de Santa Catarina. O resultado disso, segundo o levantamento, “foi um aumento abrupto das menções negativas ao presidente, que chegaram a ultrapassar os 70% no Twitter”.
“Na guerra de hashtags, #BolsonaroVagabundo abarcou 24,8% do total de tags em posts que mencionam os presidenciáveis no Twitter. #BolsonaroOrgulhoDoBrasil ficou em segundo lugar, com 9,5%”, mostrou a pesquisa.
As análises do monitoramento Modalmais/AP Exata consideram dados geolocalizados, em 145 cidades de todos os Estados brasileiros, a partir de perfis públicos.
2018 X 2022
Bolsonaro é dono de expressiva presença em redes sociais entre os chamados políticos brasileiros. No entanto, passou a ser alvo da Justiça por conta da divulgação de fake news. Para a campanha deste ano, o presidente vai tenta repetir os feitos de 2018.
No balanço de fim de ano, Jair Bolsonaro voltou a exibir suas intenções golpistas e a hostilizar o STF (Supremo Tribunal Federal) ao longo de 2021.
Durante a penúltima live do ano, ele foi questionado sobre o ano que estava se encerrando e disse que a “tristeza” foi a interferência do Judiciário no governo. Apesar de não citar nomes, a declaração foi referência direta às decisões dos ministros da Corte Suprema. É claro que golpistas não querem Judiciário e nem Congresso na sua cola.
“As tristezas são as interferências indevidas. O tempo todo interferência indevida no Poder Executivo, afasta a presidente do Ibama, não deixa nomear não sei quem lá, tem que fazer isso, tem que fazer aquilo, não é atribuição dessas outras pessoas isso. Poderíamos estar melhor se não tivessem algumas pessoas nos atrapalhando”, disse.
CONFRONTO COM SUPREMO
Desde que assumiu a presidência da República, Bolsonaro faz duras críticas ao STF. Ele afirma que o tribunal atua em causas que são de competência de outras esferas.
Um desses exemplos, segundo ele, foi a decisão da Corte que permitiu a prefeitos e governadores adotarem medidas contra a disseminação da covid-19 e a proibição, em 2020, de o diretor da Abin (Agência Brasileira de Informação), Alexandre Ramagem, assumir o comando da Polícia Federal.
O presidente da República tem inimigos imaginários. Um desses é o STF, em grande medida porque o chefe do Poder Executivo não compreende o papel dele como presidente da República. De visão política autoritária, Bolsonaro ignora a divisão de poderes na República e é saudosista da ditadura militar (1964-1985).
RECUO POR PRESSÃO
O presidente também citou a aprovação do ministro André Mendonça para o STF, em espécie de campanha antecipada, ressaltou que o próximo presidente eleito poderá indicar dois nomes para a Corte.
“No ano que vem, quem você botar na Presidência vai indicar dois ministros para o Supremo, como eu indiquei ministros que tem uma certa afinidade conosco. Defende as pautas de família, armas, liberdade religiosa. Eu duvido que eles vão agir diferente do que eu estou falando aqui e agora”, afirmou.
O auge da crise entre os poderes foi na oportunidade das manifestações antidemocráticas de 7 de setembro. Os protestos pediam expressamente o fechamento do STF e a destituição de todos os ministros da Corte.
Jair Bolsonaro chegou a dizer que não obedeceria mais às decisões do Supremo. No entanto, pressionado e cada vez mais isolado, ele divulgou ‘Carta à Nação’, escrita pelo ex-presidente Michel Temer, em que fingiu recuar de todos os ataques e afirmou, na ocasião, que iria trabalhar em prol da “harmonia entre os Poderes”.
M. V.