Bolsonaro recebeu a medalha de Mérito Legislativo, nesta quarta-feira (24), na Câmara dos Deputados, ao som de vaias e coros de “genocida”.
Uma claque favorável a Bolsonaro tentou puxar o coro de “mito” para contrabalançar.
A medalha foi entregue durante sessão solene no plenário da Câmara.
Ele recebeu a medalha das mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ficou em silêncio, sem responder às vaias e ao coro de “genocida”.
A medalha do Mérito Legislativo foi criada em 1983 e é concedida a pessoas e entidades que “prestaram serviços relevantes ao poder Legislativo ou ao Brasil”.
Ninguém sabe quais “serviços relevantes” Bolsonaro prestou ao Poder Legislativo.
Só se sabe que em agosto, no dia em que Arthur Lira colocou em votação no plenário a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que tornava obrigatório o voto impresso, Bolsonaro promoveu um desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios para intimidar os parlamentares. Ele defendia raivosamente o voto impresso, atacava as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A ação de intimidação foi um fracasso, pois a Câmara rejeitou a PEC mesmo com os tanques, por falta de votos necessários. A proposta precisava de, no mínimo, 308 votos e só obteve 229 votos favoráveis. Foram 218 contrários e 1 abstenção. A PEC já havia sido derrotada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas Lira fez questão de colocar para apreciação do plenário.
Além de Bolsonaro, neste ano estão entre os homenageados o Papa Francisco, o ministro de Relações Exteriores, Carlos França, o fotógrafo Sebastião Salgado e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.
A CPI da Covid-19 instituída na outra casa parlamentar, o Senado Federal, atribuiu a Bolsonaro 9 crimes cometidos durante a pandemia.
São eles: 1) de epidemia com resultado de morte; 2) de infração a medidas sanitárias preventivas; 3) de emprego irregular de verba pública; 4) de incitação ao crime; 5) de falsificação de documentos particulares; 6) de charlatanismo; 7) de prevaricação; 8) contra a humanidade; e 9) de responsabilidade.
O relatório aprovado pela CPI aponta que “paralelamente, houve deliberado atraso na compra de imunizantes em evidente descaso com a vida das pessoas”.
“Com esse comportamento, o governo federal, que tinha o dever legal de agir, assentiu a morte de brasileiros e brasileiras”, aponta o texto.
Hoje são mais de 613 mil brasileiros que perderam a vida para a Covid pela sabotagem do governo às vacinas e às medidas de proteção contra o vírus.