Negociantes Bolsonaristas foram pegos em flagrante defendendo a ruptura democrática caso Lula vença as eleições
Jair Bolsonaro reclamou da operação da Polícia Federal desta terça-feira (23), que fez uma ação de busca e apreensão nos endereços de empresários que defenderam um golpe de Estado no caso do ex-presidente Lula vencer a eleição. Ele disse que não é “proporcional” investigar golpistas. A PF pediu também ao STF o bloqueio das contas dos propagadores da ruptura democrática.
Eles foram pegos em flagrante pregando o golpe em um grupo de WhatsApp. A revelação foi feita pelo colunista Guilherme Amado no site Metrópoles. A reportagem mostra José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, afirmando aos amigos preferir uma “ruptura” do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, afirmou ele. Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury: “Golpe foi soltar o presidiário. Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição. Golpe é a velha mídia só falar merda”.
Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando “joinha”. O empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, foi além e disse que o certo teria sido um golpe assim que Bolsonaro tomou posse. “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros dez anos a mais”, escreveu.
Diante disso, a PF que já investigou a atuação destes empresários no financiamento de grupos que apregoam o fechamento das instituições e a instalação de uma ditadura no país, pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorização para a operação desta terça (23). O ministro autorizou o pedido da PF.
Segundo relatos de quem estava na roda, o presidente recebeu de um dos auxiliares um telefone celular com uma das reportagens sobre a operação da PF e questionou: “Vocês acham que é proporcional bloquear as contas bancárias dessas pessoas [empresários que defendem golpe]? Tem justificativa uma medida desse tamanho?”.
“Já imaginaram se eu cassasse todos os que me xingam em grupos de WhatsApp?”, prosseguiu Bolsonaro, ainda de acordo com os mesmos relatos. “Afinal, quem é a favor da liberdade? Eu? Ou os outros?”, disse, ainda, sem citar o nome de Alexandre de Moraes.
No encontro estavam os empresários João Carlos Camargo, do grupo Esfera, que organizou o evento, André Esteves, do BTG, Fernando Marques, da União Química, Carlos Sanchez, da farmacêutica EMS, Flávio Rocha, da Riachuelo, o advogado Nelson Wilians, da banca Nelson Wilians associados, Benjamin Steinbruch, da CSN, e Candido Pinheiro Koren, da Hapvida.