Jair Bolsonaro (PL) voltou atrás e disse no sábado (8) não ter exigido do Ministério da Defesa mudança nas diretrizes definidas pelo Exército de condicionar o retorno de militares ao trabalho presencial à vacinação contra covid-19.
O chefe do Executivo, egresso das Forças Armadas, é crítico às vacinas e diz não ter se vacinado. Além do mais é dado a uma fake news sobre a pandemia, além de receitar cloroquina, medicamento comprovadamente sem eficácia contra o vírus.
“Não, [tem] exigência nenhuma. Não tem mudança. Pode esclarecer. Hoje tomei café com o comandante do Exército. Se ele quiser esclarecer, tudo bem, se ele não quiser, tá resolvido, não tenho que dar satisfação para ninguém de um ato como isso. É uma questão de interpretação”, explicou-se Bolsonaro após a repercussão negativa das suas declarações. Bolsonaro se irritou e cobrou do Exército explicação sobre a diretriz de exigência de vacinação para as tropas e proibiu fake news sobre a covid-19.
O mandatário falou a jornalistas em frente à casa do AGU (advogado-geral da União), Bruno Bianco, onde o ministro dava uma festa para comemorar o aniversário dele de 40 anos.
Na véspera, a Força chegou a cogitar os termos de um esclarecimento sobre uma diretriz editada com regras para retorno ao regime presencial. Houve pressão do Planalto e do Ministério da Defesa, mas a nota não chegou a ser publicada.
ORIENTAÇÕES DO EXÉRCITO
A orientação do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, sobre a imunização está num documento finalizado na última segunda-feira (3), com diretrizes para prevenção e combate à pandemia.
Oliveira listou 52 diretrizes a serem seguidas por órgãos de direção e comandos militares de área. A vacinação contra a covid-19 é tratada numa única diretriz, a de número 22.
A diretriz propõe “avaliar o retorno às atividades presenciais dos militares e dos servidores, desde que respeitado o período de 15 dias após imunização contra a covid-19 (uma ou duas doses, dependendo do imunizante adotado)”.
O comandante, porém, faz ressalva: “Os casos omissos sobre cobertura vacinal devem ser submetidos à avaliação do DGP, para adoção de procedimentos específicos.” Não há detalhamento sobre o que pode ser tratado como caso omisso ou sobre procedimentos a serem adotados.